Um pavilhão para o conhecimento
Em Santo André (SP), alunos ganham um grande espaço que abrigará atividades lúdicas e educativas nas áreas de Ciências, Arte e tecnologia
PorAdriana Reis
06/03/2018
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Jornalismo
PorAdriana Reis
06/03/2018
São onze mil metros quadrados inteiramente dedicados ao aprendizado da garotada. Um grande pavilhão que abriga equipamentos científicos, salas temáticas, aquário, biblioteca e um centro de exposição de obras de arte - tudo com o único objetivo de colocar em prática os conceitos ensinados em sala de aula. Um paraíso para o professor? Pode até ser. Mas trata-se de um lugar bem mais próximo e palpável do que o paraíso: ele fica em Santo André, município da Grande São Paulo.
A inauguração do espaço, que foi batizado como Sabina Escola Parque do Conhecimento, será no próximo domingo, dia 11. A iniciativa é da Secretaria de Educação do município e será, para estudantes e professores, um espaço dedicado ao aprendizado por meio de interação e de atividades lúdicas. Um verdadeiro centro de construção do conhecimento.
Os educadores poderão mostrar aos seus alunos a relação da ciência com o cotidiano. "As crianças serão convidadas a interagir com os equipamentos e questionarão, naturalmente, a relação do que vêem aqui com o que aprendem na escola", afirma Marcia Michielin de Oliveira, coordenadora pedagógica da Secretaria de Educação e Formação Profissional de Santo André e uma das responsáveis pelo projeto. "Trabalhamos com os conceitos do construtivismo, fazendo com que o aluno aprenda a partir de suas próprias experiências", explica.
A Sabina Escola Parque é composta por dois pavimentos de 180 metros de comprimento e 24 metros de largura. Foi organizada em cinco áreas do conhecimento: ciências da terra, ambiente e sustentabilidade; ciências da vida; ciências físicas e tecnológicas; arte e comunicação; e arquitetura e administração. O nome do local remete aos sabinos, antigos habitantes da Itália, que deram origem aos romanos por meio da troca cultural entre os povos daquela região.
Logo na entrada, os visitantes encontram uma bússola, um relógio de sol e um globo terrestre. Em seguida, são recepcionados por um robô, que fala com as crianças e dá as boas-vindas. A atividade inicial é observar o mapa da cidade e localizar os principais pontos turísticos. "Elas poderão visualizar o percurso que fizeram de suas escolas até a Sabina", exemplifica Marcia.
Depois, todos são convidados a uma viagem pelo tempo: entram numa sala escura, que representa o nada, e seguem por um corredor que acaba no Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo, ilustrado com fotos de galáxias. Para compreender as variadas formas de vida que já passaram por nosso planeta, os visitantes observam os dinossauros: serão oito réplicas no total, entre eles a de um Tyrannosaurus rex com 12,8 metros de comprimento, quatro de altura e aproximadamente 400 quilos, trazido dos Estados Unidos.
A visita continua com um "passeio" até o litoral. Numa nave simuladora, as crianças poderão conhecer espécies marinhas que estão expostas em um aquário de 160 litros. Ao passar por um túnel de vidro, poderão observar as cobras do serpentário e, no segundo pavimento, as vidas minúsculas com ajuda de microscópios.
Estudantes e professores ficam literalmente de cabelo em pé ao interagir com o gerador de Van Der Graaf, uma esfera metálica que produz uma pequena descarga elétrica. O equipamento está no espaço dedicado a explicar fenômenos físicos. Esse local segue os mesmos princípios da Estação Ciência, mantida pela Universidade de São Paulo.
Outra proposta da Sabina é estabelecer a relação entre as diversas áreas de conhecimento. "Notamos o quanto é difícil para o professor, em seu dia-a-dia na escola, fazer a ligação entre os temas. Por isso, aqui ele terá a chance de interagir e circular por diversas áreas", afirma Marcia. Para tentar diminuir a distância entre Ciência e Arte, por exemplo, a Sabina conta com uma parafernália feita a partir de sucata e utensílios de cozinha, como panelas e chaleiras, com a qual é possível obter sons e criar novos instrumentos musicais. Marcia acredita que as atividades realizadas no pavilhão contribuem para desmistificar a ciência. "Queremos trabalhá-la como algo próximo dos professores e dos alunos e acabar com essa imagem elitizada", diz.
Uma parte do pavilhão será reservada para exposições temporárias. O artista convidado para inaugurar o espaço é Luis Sacilotto, nascido em Santo André, que desenvolve quadros, esculturas e gravuras com inspiração na arte concreta e na geometria.
O local pretende se tornar referência no ensino interativo e lúdico. Futuramente, a Sabina terá um website com informações sobre o espaço, propostas de atividades para os professores e um fórum para debates. Marcia acredita também que muitos dos conceitos e experiências trabalhados na Sabina podem ser aplicados nas escolas, especialmente naquelas localizadas em outras cidades e Estados brasileiros. Portanto, se você está muito longe de Santo André e não pode ir com a sua turma até lá, tudo bem. O importante é reconhecer a importância de aproximar ao máximo os conteúdos escolares da vida da garotada.
A coordenadora Marcia dá um exemplo de como isso pode se dar na escola, mesmo que não exista uma Sabina por perto. "As crianças podem reunir peças recicláveis, como garrafas, recipientes plásticos e panelas antigas para criar novos instrumentos musicais. Outra idéia é montar kits para trabalhar os conceitos da Física. "A base é ter criatividade e tomar os princípios da atividade prática como ponto de partida para o conhecimento", defende. Ela também indica procurar entidades e institutos de pesquisa que elaboram atividades diferenciadas e planos de aula, como a organização não-governamental Rede no Ar, de Santo André.
As visitas à Sabina serão monitoradas por 160 estagiários do Centro Universitário Fundação Santo André, dos cursos de engenharia, física, biologia, pedagogia, administração, relações internacionais e química. A prefeitura de Santo André investiu 35,8 milhões de reais no projeto, que levou quase dois anos para ficar pronto.
A capacidade de público é de 500 visitantes por período, de manhã e à tarde. De terça a sexta-feira, o Parque Escola receberá exclusivamente alunos da rede de ensino de Santo André, por agendamento, com entrada gratuita. Escolas com turmas de Educação de Jovens e Adultos e ensino profissionalizante no período noturno, em Santo André, também poderão conhecer o local, que neste caso ficará aberto até as 21h30. Aos finais de semana, abre para o público externo, das 8:30 às 17:30h. O ingresso custa R$ 10, mas estudantes, professores e pessoas acima de 65 anos pagam meia entrada.
Sabina Escola Parque do Conhecimento, Rua Juquiá, s/nº, Santo André, SP, tel. (11) 4433-0111
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