O que ensinar em Língua Portuguesa do 6º ao 9º ano
A meta da disciplina é permitir que os estudantes leiam e produzam textos de qualidade, além de desenvolver a oralidade
PorMaria Rehder
01/01/2010
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Jornalismo
PorMaria Rehder
01/01/2010
Claudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da prefeitura de São Paulo e selecionador do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, destaca que a língua é o ponto essencial do convívio interpessoal. "A linguagem é uso e interação entre sujeitos que fazem parte de um determinado contexto histórico e social. É um desafio para o professor assumir que os conhecimentos que os estudantes devem dominar vão além dos contemplados pela gramática normativa." Para que os alunos dominem essa ferramenta, cabe a todos os professores propor situações didáticas que garantam, de maneira contínua, a abordagem de gêneros diversos - selecionados em função de temas de estudo e com grau de dificuldade crescente. As atividades de produção de texto devem ser permanentes.
Bazzoni lembra a importância das atividades sobre oralidade, destacando a escuta de textos do gênero marcados por maior formalidade, como seminários, relatos de experiência, entrevistas e debates. Com ele, concorda Maria José Pinheiro Machado, da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para ela, a inclusão de um trabalho com os gêneros orais nos currículos representaria um avanço, uma vez que o tema costuma ficar de fora de muitas práticas escolares. Assim, seriam desenvolvidas as capacidades comunicativas dos alunos. "Isso é necessário para que eles possam ampliar as condições de interação e as possibilidades de informação e conhecimento."
Desde 2005, a professora de Língua Portuguesa Maria Sueli Gonçalves abriu mais espaço para a oralidade em seu trabalho. Inspirada na Academia Brasileira de Letras (ABL), ela criou a Academia Estudantil de Letras (AEL) numa escola municipal de São Paulo. "Tudo começa em sala, com a apresentação de textos de autores e gêneros variados. Depois, os alunos podem aprofundar a leitura em reuniões semanais, assumindo a cadeira de um escritor específico", explica.
O gênero oral é praticado nos momentos em que cada estudante organiza seminários sobre a biografia e os textos do autor representado e quando recebem escritores profissionais, como Tatiana Belinky e Paulo Dantas.
Veja, a seguir, cinco situações didáticas essenciais para o ensino de Língua Portuguesa do 6º ao 9º ano.
ESFERAS DISCURSIVAS Romances, contos e quadrinhos ensinam a interagir com os textos que circulam no mundo. (Crédito: Paulo Vitale)
O que é Ler e analisar a maior diversidade de gêneros possível: romances, contos, poemas, crônicas, peças de teatro, quadrinhos, canções, artigos opinitivos e científicos, resenhas, notícias e entrevistas, entre outros (leia a sequência didática).
Quando propor Com a maior frequência possível, ao longo de todo o ano.
O que o aluno aprende A interagir com os textos que circulam no mundo, criar uma expectativa em função daquilo que vai ler e desenvolver diferentes comportamentos leitores diante de diferentes gêneros textuais.
Como propor Servindo de modelo como leitor e orientando os jovens a rastrear pistas linguísticas para relacioná-las com ideias e informações que já possuem e a perceber que cada objetivo de leitura solicita um procedimento.
LEITURA PROFUNDA Com resumos e fichamentos, os alunos interagem com as ideias de outros autores. (Crédito: Paulo Vitale)
O que é Ler textos para estudar e para interagir com ideias de outras pessoas e se apropriar delas para eleborar seu próprio discurso.
Quando propor Nas situações de pesquisa e nos momentos de aprendizagem de um conteúdo específico.
O que o aluno aprende A fazer resumos e fichamentos, identificar o tema dos textos, diferenciar as ideias principais das secundárias e estabelecer relações entre argumentos trazidos pelo autor, indo além do conteúdo estudado.
Como propor Discutindo com a turma critérios para descartar pontos não essenciais do texto analisado, explicando como é a estrutura de um texto e mostrando possibilidades de dividi-lo em grupos de blocos significativos.
O que é Planejar situações didáticas que promovam um ensino reflexivo a respeito de conteúdos como ortografia, concordância, regência verbal, segmentação do texto em palavras e frases, pontuação, entre outros, ajustados às necessidades de aprendizagem dos alunos.
Quando propor Em sequências didáticas específicas e nas práticas de escrita incluídas nos projetos didáticos.
O que o aluno aprende As regularidades e irregularidades ortográficas, pontuar, identificar marcas de coesão referencial e sequencial e transitar da fala à escrita.
Como propor Por meio de sequências didáticas com base em uma sondagem feita especialmente para verificar o domínio dos padrões de escrita pelos alunos, de atividades que explorem as regularidades ortográficas e da leitura de textos especialmente selecionados para trabalhar tempos verbais, pontuação, concordância e regência, entre outros aspectos.
ESCREVER E OUVIR Analisar os padrões cultos e ouvir gêneros facilitam a aquisição da língua oral e escrita. (Crédito: Paulo Vitale e Gilvan Barreto)
O que é Dominar os gêneros mais formais que apoiam a aprendizagem da Língua Portuguesa e das outras áreas, como seminários, relatos de experiências, entrevistas, debates e palestras.
Quando propor Durante sequências didáticas planejadas com esse objetivo.
O que o aluno aprende A construir progressivamente modelos apropriados do uso da linguagem oral em diferentes circunstâncias e a participar de debates, entrevistas, palestras e saraus organizados pela escola ou outras instituições.
Como propor Por meio do acesso (em DVDs e vídeos) a exemplos de textos orais dos gêneros previstos para análise e reflexão e da participação em debates regrados, apresentações de painéis e seminários.
REVISÃO E EDIÇÃO Atividades que exijam cortes e mudanças aumentam o domínio da turma sobre a produção. (Crédito: Paulo Vitale)
O que é Procedimentos que permitem ao aluno escrever textos de gêneros diversos com intenção comunicativa.
Quando propor Durante projetos didáticos semestrais e outras situações de produção textual.
O que o aluno aprende A cortar passagens redundantes e marcas da língua falada, a acrescentar informações ou falas de personagens para diminuir as lacunas do texto, a substituir termos por outros mais precisos, a inverter frases ou parágrafos para buscar melhor ordem para as ideias e a revisar e diagramar o próprio texto.
Como propor Com atividades de edição que exija cortar, acrescentar e inverter trechos ou passar textos como depoimentos espontâneos e entrevistas da linguagem oral para a escrita.
BIBLIOGRAFIA
Aprender a Ensinar com Textos Não Escolares, Adilson Citelli e Lígia Chiappini, 208 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9616, 33 reais
Como Usar o Rádio na Sala de Aula, Marciel Consani, 192 págs., Ed. Contexto, tel. (11) 3832-5838, 29 reais
Fichamento, Rosana Morais Weg, 67 págs., Ed. Paulistana, tel. (11) 3744-9754, 16 reais
Gêneros Orais e Escritos na Escola, Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz, 278 págs., Ed. Mercado de Letras, tel. (19) 3241-7514, 58 reais
Resumo, Marli Qudros Leite, 64 págs., Ed. Paulistana, 16 reais
INTERNET
Blog oficial da Academia Estudantil de Letras Poeta Antônio Francisco.
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