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Jornalismo

Apoio pedagógico: como tornar o reforço escolar mais significativo

Confira pontos de atenção dessa iniciativa e entenda por que o termo reforço não é apropriado para esse trabalho

PorANE Responde

03/08/2023

O apoio pedagógico, comumente chamado de reforço escolar, gera dúvidas para professores que atuam no contraturno com alunos que não alcançaram ainda os níveis de aprendizagem esperados para a etapa que cursam – problema agravado pela pandemia e que exige fortalecer as ações de recomposição de aprendizagens.

Para falar mais sobre a importância do apoio pedagógico e possibilidades para a realização de um trabalho efetivo, conversamos com Rosaura Soligo, formadora especialista em coordenação pedagógica, mestre e doutora pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e diretora geral da Abaporu Assessoria em Educação, que respondeu a uma pergunta feita por uma professora no canal do Telegram da NOVA ESCOLA.

Por que usar o termo "apoio pedagógico" em vez de “reforço escolar”?

“Eu não gosto da palavra reforço escolar porque essa ideia está muito vinculada à perspectiva de que se aprende pela repetição”, explica Rosaura. De acordo com a especialista, atividades designadas como reforço, geralmente, são apenas a reprodução de conteúdos transmitidos nas aulas regulares.

Dúvida sobre apoio pedagógico e reforço escolar

Uma professora deixou esta pergunta para a ANE Responde:

É raro encontrar matérias e informações que contribuam com a rotina de um reforço escolar ou acompanhamento escolar. Como conciliar, de maneira mais efetiva, as diferentes atividades com as quais um professor de reforço lida?

“Qualquer proposta de ensino deve estar ajustada à realidade dos alunos para os quais ela se destina, seja no caso de um professor que dá apoio pedagógico no contraturno para a própria turma [no horário regular de aula] ou em casos nos quais o professor do apoio pedagógico está com alunos regulares de outras turmas”, opina Rosaura.

Esse ajuste só ocorre quando os professores conhecem bem as necessidades e possibilidades de aprendizagens dos alunos, observa a especialista. “Assim, em vez de oferecer mais do mesmo [reforçar atividades das aulas regulares], o professor pode oferecer situações que sejam produtivas para os alunos aprenderem melhor o que não aprenderam na aula regular”.

O coordenador pedagógico pode fazer toda a diferença ao intermediar diálogos entre professores regulares, professores do apoio e alunos. Tudo para que o trabalho seja realizado com base nas necessidades dos estudantes. “Uma boa proposta só é boa se partir de uma avaliação do que os alunos sabem e o que eles precisam saber”, diz a especialista.

“Digamos que um professor de apoio pedagógico, bastante criativo, queira dar mais sentido para as propostas que serão desenvolvidas com os alunos e pense em um projeto para seduzir a atenção dos estudantes, que sejam mais interessantes do que lições do modelo convencional. Esse projeto precisa ser um lugar de aprendizagem para o que os alunos precisam, e não ser descolado dessas necessidades”. 

A importância do diálogo com colegas e alunos

O diálogo entre o professor regular e o do apoio pedagógico é fundamental para mapear as demandas e garantir o avanço dos estudantes. Assim, será possível planejar atividades que possam atender às demandas de aprendizagens de crianças e jovens.

Rosaura também destaca a importância dos educadores conversarem com os alunos que receberão o apoio. “Pela minha experiência na coordenação de escolas, é muito importante que haja uma conversa com os alunos dos grupos de apoio pedagógico para se dizer o que esse trabalho significa para aprendizagem deles. Para não parecer que aquela é a turma dos que não são inteligentes e que estão ali para ter um reforço do que não conseguiram aprender na aula regular”, opina a especialista. “Isso desconstrói a ideia de que o apoio é um local para a criança com defasagem ou com pouca inteligência”.

“Sempre conversei com os alunos sobre o que eles já sabiam e que ali [no apoio pedagógico] seria uma ótima oportunidade para eles desenvolverem alguns saberes que não estavam bem consolidados. Isso mostra ao aluno que ele não tem nenhum defeito e que ele está ali tendo seu direito de aprendizagem atendido”, complementa.


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