Ideias de atividades diversificadas para promover aprendizagens
Estratégia envolve a criação de cantos de trabalho e pode ajudar todos os alunos a avançar em seus conhecimentos
15/05/2023
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Jornalismo
15/05/2023
Já estamos no segundo bimestre e com muitas demandas em andamento. De todas as preocupações dos professores, a maior certamente é promover a aprendizagem e a evolução de todos os alunos, não é mesmo?
Sabemos que a intervenção pontual é o ponto-chave para que cada um, de acordo com suas especificidades, possa avançar. No entanto, encontrar na rotina momentos para essa intervenção acaba sendo o “nó” para muitos de nós.
Por isso, a ideia desta conversa é mostrar como as atividades diversificadas são uma ferramenta a mais para que cada professor possa, a partir de um bom planejamento, propor diferentes momentos nos quais todos os alunos possam avançar em seus conhecimentos.
As atividades diversificadas – ou o trabalho com os cantinhos – é um momento da rotina tanto da Educação Infantil como dos Anos Iniciais do Fundamental que permite explorar a autonomia, os interesses e as necessidades da turma, oportunizando a escolha e a tomada de decisão, bem como a responsabilidade de começar e finalizar uma proposta. Tudo isso torna a sala de aula um espaço de participação ativa.
O trabalho diversificado consiste em organizar a sala em cantos com propostas variadas, mas com objetivos bem definidos e claros por parte do professor. Os alunos escolhem em quais cantos irão trabalhar e precisam, até um prazo determinado (que pode ser ao final de uma semana ou quinze dias, por exemplo), ter passado por todos.
É importante que haja possibilidade de escolha: se a sua turma possui 30 alunos e cada canto terá cinco estudantes, então será preciso ter pelo menos sete cantos na sala. Outro ponto a ser destacado é a regularidade desse momento na rotina: precisa estar presente diariamente para que a turma possa se habituar à prática. O tempo de duração das atividades diversificadas fica entre 30 e 40 minutos.
Como professora, sempre utilizei as atividades diversificadas em minha rotina, obtendo excelentes resultados no que se refere aos avanços nas diferentes áreas do conhecimento, sem contar as possibilidades de intervenções pontuais com aqueles que mais precisavam, tanto em questões de escrita como de Matemática.
Você pode organizar os cantos de duas maneiras, sendo que ambas necessitam de um bom planejamento e foco naquilo que se quer trabalhar. A primeira forma é elencar sete ou oito cantos e os recursos envolvidos, como, por exemplo:
Lembrando sempre que as propostas dependem daquilo que se está trabalhando em sala ou mesmo das principais dificuldades ou necessidades da turma.
Com os cantos planejados, os materiais necessários para cada um e a sala organizada em grupos (as carteiras em grupos de quatro ou cinco mesas), é hora de apresentar as atividades diversificadas à turma em uma roda de conversa.
Cada estudante escolhe para qual canto quer ir, sem esquecer que terá de passar por todos. Eu sempre deixava uma lista de presença em cada canto para que os alunos pudessem assinar e, assim, entender em quais cantos ainda não haviam passado.
Para a escolha, disponibilizava cartazes com o nome do cantinho para cada um colocar o próprio nome, como aparece na imagem abaixo. Quando um cantinho já estava com os lugares completos, a turma já sabia que aquele não estava mais disponível para escolha.
Eu também planejava antecipadamente em qual canto iria fazer as intervenções e seguia com o meu caderno de registros para anotar os avanços e as dificuldades de cada um.
Por exemplo, se queria saber a quantas andava a contagem e a conservação de quantidades, criava um jogo de percurso no cantinho de jogos para que a criança lançasse um ou dois dados. Nesse canto, observava e fazia as intervenções necessárias quanto ao entendimento do jogo (se haviam entendido como se jogava); como faziam a contagem nos dados, se conservavam a quantidade tirada no(s) dado(s) para andar ou se precisavam sempre contar um a um, ou se partiam de uma quantidade tirada em um dos dados e continuavam a partir dela no segundo. Quando o estudante que tinha uma dificuldade maior na compreensão escolhia o canto, era hora de ajudá-lo por meio de boas perguntas.
A hora dos cantinhos era também para fazer intervenções com aqueles que ainda não estavam alfabéticos, chamando-os para o cantinho da professora, utilizando as letras móveis, por exemplo, enquanto os demais trabalhavam nas suas escolhas.
Recentemente, na formação com uma professora do 1º ano da nossa escola, propus as atividades diversificadas de outra maneira, já que ela ainda não havia utilizado essa prática. E tem dado resultado.
Do jeito que planejamos, é necessário organizar a sala em sete ou oito grupos, colocando diferentes jogos matemáticos em cada um, além de um grupo com livros e outro com propostas de escrita. Não disponibilizamos os cartazes com os nomes dos cantinhos e os cartões com os nomes dos alunos. Eles escolhem os lugares vazios nos grupos.
A professora utiliza esse momento para fazer intervenções com aqueles alunos que precisam avançar na hipótese de escrita, chamando-os individualmente.
Aqui também é necessário garantir a apresentação das propostas aos alunos e o entendimento de cada uma, assim como planejar as intervenções a serem feitas e também focar o que se quer atingir. Uma sugestão para essa dinâmica é trazer diferentes jogos de tabuleiro, caso o objetivo seja trabalhar a ideia da conservação de quantidades a partir de um dado, por exemplo.
Independentemente da forma escolhida, tenho certeza de que você criará oportunidades para seus alunos aprenderem de uma maneira mais prazerosa. Além disso, você poderá acompanhar de forma direcionada os avanços e necessidades de cada um. No começo pode parecer difícil, mas, conforme você for se apropriando dessa ferramenta, se encantará com os resultados e a tornará uma atividade permanente na rotina.
Um abraço e até a próxima!
Selene
Selene Coletti é professora na rede pública há 40 anos. Atuou na Educação Infantil e foi alfabetizadora por dez anos, lecionando do 1º ao 5º ano. Em 2016, foi uma das ganhadoras do Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, com o projeto Mapas do Tesouro que São um Tesouro, na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio Gestão para o Sucesso Escolar, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação Continuada e também como formadora da Educação Infantil na Prefeitura de Itatiba (SP). Atualmente é vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba.
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