Sugestões para desenvolver a leitura e interpretação de informações matemáticas
Dificuldades dos estudantes com essas habilidades evidenciam a necessidade de que a alfabetização matemática continue presente nos Anos Finais
23/03/2023
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Jornalismo
23/03/2023
Olá, colegas! Durante o diagnóstico, é possível que você, assim como eu, tenha identificado o alto grau de dificuldade de leitura e interpretação de dados (tabelas, gráficos, símbolos e figuras) pelos estudantes. Esse resultado evidencia uma defasagem em relação tanto à consolidação do próprio processo de alfabetização em nossa língua quanto ao letramento matemático.
Nas avaliações externas, o comportamento não é diferente. É comum que essas habilidades estejam entre aquelas com menor proficiência. Entender o que está por trás disso e quais estratégias podem contribuir com o desenvolvimento dessas aprendizagens sempre me motivou – não para ter melhores resultados nessas avaliações, mas por entender que são aspectos essenciais para o avanço dos estudantes.
Por isso, proponho que reflitamos juntos a respeito das possibilidades e dos desafios para avançar nessas aprendizagens nos Anos Finais do Fundamental.
Diante desse contexto, é fundamental pensar em propostas que permitam desenvolver ou aprimorar a leitura e interpretação de textos matemáticos. Separei quatro sugestões que estão presentes em minha sala de aula:
Trabalhar com textos como os de Malba Tahan ou o livro Aritmética da Emília, de Monteiro Lobato, são formas de favorecer o desenvolvimento dessas habilidades, dado que a solução da situação-problema é intrínseca ao entendimento da história. Dessa forma, você desperta a curiosidade deles de forma lúdica e prazerosa.
Esse tipo de atividade possibilita o desenvolvimento do raciocínio lógico e estimula a leitura e interpretação da linguagem matemática. Sugiro conhecer o enigma de Diofanto, que contempla também a linguagem algébrica.
A contextualização do Teorema de Pitágoras é um bom exemplo de atividade com foco no desenvolvimento da leitura e interpretação em Matemática, sendo possível aplicá-la em todas as turmas dos Anos Finais, de acordo com o nível de cada uma. O mesmo pode ser feito com a história de outros teoremas.
Também é interessante usar textos de jornal, pesquisas, boletins e panfletos informativos que contenham dados e informações matemáticas, pois isso possibilita desenvolver a interpretação e a leitura em contextos do cotidiano.
O repertório, a realidade dos estudantes e a troca entre eles são elementos fundamentais para a construção de significados na Matemática. A leitura compartilhada é uma boa estratégia para estimular esses aspectos. Ela permite que termos, conceitos e o contexto matemático sejam identificados de forma coletiva, além de estimular a argumentação durante a resolução da situação identificada pela turma.
Essa troca entre os alunos, desde o primeiro contato com o texto matemático, possibilita a construção de significados. A cada ação colaborativa, surgem novas formas de compreender as informações apresentadas.
Metodologias que estimulem a leitura e interpretação para buscar soluções também são interessantes. A resolução de problemas é um exemplo de estratégia que mobiliza esse conjunto de habilidades, pois em cada uma das etapas a leitura é essencial para compreender e analisar a situação apresentada. Segundo George Polya, os estudantes devem seguir um passo a passo para chegar à resolução: ler e compreender o problema, elaborar uma maneira de resolvê-lo, executar essa estratégia e fazer a verificação.
Todas as estratégias apresentadas evidenciam que estar no Anos Finais não significa deixar de olhar para a alfabetização matemática dos alunos. Pelo contrário, a realidade mostra que esses aspectos também devem estar presentes para os mais velhos.
O processo de leitura e interpretação matemática deve ser contínuo – não no sentido de retroceder nos conteúdos, mas de perceber essas aprendizagens como um conjunto em desenvolvimento, em que o aluno avança a cada ano ao adquirir ou aprimorar suas habilidades matemáticas.
Por isso, convido vocês, professoras e professores, a refletir sobre como proporcionar essa oportunidade para os estudantes.
E você, colega, já enfrentou algum desafio relacionado à leitura e interpretação de dados matemáticos?
Abraço caloroso e até a próxima!
Rosiane Prates é professora de Matemática dos Anos Finais do Ensino Fundamental, atua há mais de dez anos na rede pública e já integrou o Comitê de Avaliação do Município de Pinheiros (ES). Em 2022, participou da 4ª edição do Mulheres na Ciência e Inovação, programa de formação para pesquisadoras no Brasil realizado pelo Museu do Amanhã e o British Council. Também foi professora-autora no projeto Planos de Aula de Matemática, realizado pela Associação Nova Escola. Além disso, tem participação como voluntária em projetos socioeducacionais e de empreendedorismo. É licenciada em Matemática e Pedagogia, graduada em Administração, especialista em Ensino e Currículo e em Matemática na Prática.
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