Brincadeiras de roda: por que e como levá-las para a rotina?
Entenda como elas contribuem com o desenvolvimento das crianças e confira sugestões para tornar esses momentos ainda mais significativos
28/02/2023
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Jornalismo
28/02/2023
Olá, professoras e professores! Como diz o ditado, quem canta seus males espanta. E quem canta junto, buscando o mesmo compasso, a combinação de gestos, movimentos em uma mesma direção? Quantas energias do bem se atraem nesses momentos! É mais ou menos assim que me sinto ao participar de uma brincadeira de roda com as crianças na Educação Infantil.
Essas propostas se modificam acompanhando a evolução da língua e da cultura, mas não deixam de existir, pois as crianças não param de cantar. O que nos mobilizou na infância, para vivenciar essas situações, continua presente ao longo da vida de outros modos, como em uma roda de amigos ou durante uma refeição, que tem seus ritmos que ditam o tom da celebração.
As produções folclóricas e populares têm, entre suas principais características, o contato físico e o encontro dos olhares, a sensação de segurança do coletivo. Colocam o participante no lugar prazeroso da incerteza entre o real e o imaginário, tornamo-nos quase que alheios ao que se passa fora daquele espaço e requer atenção para a reação frente ao convite que se faz ora no individual, ora no coletivo. Outra característica importante é a de reconhecer a autoridade de quem conduz a vivência ao mesmo tempo que todos importam e se direcionam pelo coletivo.
As brincadeiras de roda perpassam todos os campos de experiência, pois desenvolvem ritmo, expressividade corporal e linguagem oral. Enquanto rodam pelo espaço, as crianças se olham, se reconhecem em seus pares, fortalecem sua identidade e se apropriam de elementos da cultura, com lugar para atuações que contribuem para sua modificação e perpetuação. Para oportunizar que todos participem, é necessário adequar os movimentos atendendo às especificidades de cada grupo.
Desde bebês, o ato de sentar em roda e proporcionar momentos de ritmo e sonoridade tem grande contribuição para o desenvolvimento. Então, é importante que começar a fazer isso nessa faixa etária, trazendo desde as canções mais singelas da nossa cultura. É importante lembrar que a repetição e a consistência são fatores importantes para que o bebê associe esse momento a uma situação confortável de possibilidade para sua expressividade.
Para que você, professora e professor, tenha condições de oportunizar tais momentos no cotidiano com as crianças com mais segurança, seguem quatro dicas com base em planos de atividade da NOVA ESCOLA, lembrando a liberdade que tais propostas têm para se adequarem ao seu espaço e grupo etário e incluir outras brincadeiras de roda da cultura local.
Para chamar a atenção para uma vivência, basta que o professor comece a cantarolar um verso e se mostre disponível sentando-se no chão. Em poucos instantes, os bebês e crianças já se achegam e a oportunidade para uma brincadeira de roda se faz. Essa linguagem é compreendida quando é oportunizado desde cedo o encontro em círculo.
Nesta sequência de planos, temos várias oportunidades para envolver bebês e que podem ser adaptadas para as crianças bem pequenas e pequenas.
Aproveite que estamos iniciando o ano letivo e faça uma pesquisa com as famílias a respeito de como essas práticas estiveram presentes na infâncias delas. Temos um deslocamento grande de pessoas dentro do nosso território, e uma boa oportunidade de integrar essas pessoas é reconhecer e valorizar os elementos da sua cultura. A sequência de planos Cirandas do Brasil é um material muito bacana para as vivências com as crianças trazendo a diversidade cultural do nosso país.
Ao planejar o cotidiano com as crianças, é fundamental olhar para os arranjos necessários para garantir a participação de todos. O mesmo acontece com as brincadeiras de roda. Nos planos da NOVA ESCOLA, você consegue observar em destaque a indicação de ações (antes e durante a atividade) que garantem essa efetiva participação. Conheça nesta reportagem o projeto de uma escola que conseguiu planejar esse momento de forma a incluir crianças com e sem deficiência.
Que tal problematizar as brincadeiras de roda com as crianças pequenas? Após terem participado de variadas situações, oportunize que elas possam refletir sobre tais momentos.
Trago como inspiração um plano de aula do 1º ano do Fundamental que pode ser adaptado para a pré-escola. Tome como ponto de partida o repertório da turma e depois do modo como foi abordado o tema e as perguntas para que as crianças pensem sobre a ação de brincar em círculos. Assim, os pequenos aprendem também quando discutem o que vivenciaram.
Por fim, sugiro também o curso “Brincadeiras cantadas na escola: valorizando a tradição popular”, para que possamos continuamente refletir sobre a importância de apresentar as cantigas e brincadeiras de roda a partir da nossa diversidade cultural. Esse tipo de prática significa sedimentar, de modo simbólico, os saberes e sentimentos que perpassam gerações. É contribuir para que, ao longo da vida, toda pessoa tenha esse lugar de retorno à atmosfera do encantamento, ao qual as brincadeiras de roda nos conduzem.
Um abraço e até breve!
Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.
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