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Jornalismo

Sugestões para elaborar a avaliação diagnóstica de Matemática

Entenda o que levar em consideração na sondagem inicial e como utilizar as informações no seu planejamento

PorSelene Coletti

23/02/2023

A sondagem deve estar presente em todo início de bimestre ou semestre. Foto: Getty Images

Depois de investir no acolhimento dos alunos neste começo de ano, é hora de pensar em outro momento tão importante quanto o primeiro: a avaliação diagnóstica (ou sondagem) de Matemática.

Um ponto fundamental para começar é retomar a importância dessa verificação inicial – não só nesse componente, mas também na leitura, na escrita e nas outras áreas do conhecimento.

A avaliação diagnóstica é um instrumento que permite conhecer o que a turma já domina e as dificuldades que precisam ser trabalhadas. Podemos dizer que ela é o começo, o pontapé inicial, do percurso escolar. Vale ressaltar que não pode ser vista como uma ferramenta classificatória, ou seja, que divide a turma de acordo com aquilo que as crianças sabem ou não sabem.

Ao contrário, a sondagem vai possibilitar ao professor ter um panorama do que cada um ainda precisa aprender e, a partir daí, estabelecer metas e ações que permitam o avanço de todos. Avaliar sob este viés ajuda a subsidiar o professor para o planejamento do seu ano escolar.

No caso da Matemática, em particular, a diagnóstica permite ao professor conhecer como a criança pensa a respeito, por exemplo, da construção dos números, da resolução de problemas, da construção da noção de espaço, dentre outros aspectos que se queira analisar. Com isso em mãos, será possível planejar boas atividades que se adequem e atendam às diferentes necessidades da turma. Daí, então, a sondagem ser o ponto de partida de todo o processo de ensino e aprendizagem.

Vale ressaltar que o uso desse instrumento avaliativo deve sempre estar presente em todo início de bimestre ou de semestre, se for o caso.

O que levar em conta para elaborar a avaliação diagnóstica de Matemática?

É necessário, primeiramente, pautar-se no currículo do município ou na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), levando em conta os objetos de conhecimento e as habilidades do ano anterior ao que você está lecionando. Ou seja, se sua turma está no 2º ano do Fundamental, considere também o currículo do 1º ano.

Uma boa conversa com o professor da turma do ano anterior, assim como a análise dos registros trazidos pelos alunos, irão contribuir para pensar quais são as expectativas e quais questões formular.

Logicamente que as observações feitas por você, neste início de ano, durante o acolhimento, também ajudam a pensar boas perguntas e situações-problemas para compor a diagnóstica, uma vez que este começo traz muitos indícios do perfil de cada estudante.

Após analisar todos os registros, pense quais questões irá propor, tendo sempre em mente uma intenção ao elaborá-las. Muitas vezes uma determinada questão sugerida pelo colega pode ser boa para a turma dele, porém não para a sua, daí a importância da sua intencionalidade pedagógica, que permitirá trazer propostas específicas, já que cada turma é única.

No 1º ano, a intenção é avaliar o que as crianças já construíram da noção de número, por isso é importante trazer propostas que abordem seriação, classificação, princípios e estratégias de contagem.

Do 2º ano em diante, a ideia é continuar analisando a noção de número (que está sendo) construída. Portanto, deve-se elaborar questões relativas à contagem (princípios e estratégias), o sistema de numeração decimal e situações-problemas envolvendo as quatro operações, nas quais será possível a compreensão do que foi solicitado e as estratégias utilizadas na resolução.

Aqui, deixei algumas ideias para você se inspirar para elaborar a diagnóstica de Matemática pensando sempre nas necessidades da sua sala.

Como aplicar a sondagem matemática?

Depois das questões elaboradas, explique aos alunos que eles irão resolver algumas situações da melhor forma que souberem para que você possa entender todo o conhecimento que eles têm.

Para as turmas do 1º ano, você pode aplicar a diagnóstica individualmente. Assim, dependendo das questões, analisará melhor como cada um as resolve e quais estratégias utilizam. Tome notas para enriquecer ainda mais o perfil da turma.

Para alunos do 2º ano, é possível ler os enunciados e propor que resolvam. Já para as demais turmas, peça que façam a leitura de forma autônoma.

E agora, com os resultados, o que fazer?

Após aplicar a avaliação, é hora de analisar os resultados. Você pode elaborar uma pauta para facilitar o trabalho. Registre os acertos e “erros”, pois o jeito como pensaram para resolver as situações-problemas mostra o que necessita de mais atenção.

Os resultados estabelecem as “condições de aprendizagem” de cada um e o que é preciso levar em consideração para que avancem nos seus conhecimentos. Também contribuem para você pensar em diferentes estratégias e diferentes materiais que atendam a demanda apresentada.

É a partir dos resultados da diagnóstica que será possível elencar as metas a curto, médio e longo prazos, como já conversamos aqui.

Perceberam a riqueza deste momento – quantas possibilidades para buscar a excelência de nosso trabalho? Por isso ele não pode ficar na esfera burocrática. É muito valioso!

E então, prontos para colocar em prática a diagnóstica de Matemática da sua turma?

Um abraço e até a próxima,

Selene

Selene Coletti é professora na rede pública há 40 anos. Atuou na Educação Infantil e foi alfabetizadora por dez anos, lecionando do 1º ao 5º ano. Em 2016, foi uma das ganhadoras do Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”, na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio Gestão para o Sucesso Escolar, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação Continuada e também como formadora da Educação Infantil na Prefeitura de Itatiba (SP). Atualmente é vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba.

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