Educação Infantil: boas práticas com agrupamentos
Conheça possibilidades de trabalho com essa estratégia e um exemplo de aplicação em um único dia na escola
25/10/2022
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Jornalismo
25/10/2022
Olá, professoras e professores! Talvez uma das coisas que eu mais enfatize neste espaço quinzenal de reflexão e troca seja a importância de pensar com cuidado os espaços, tempos, materiais e agrupamentos na hora do planejamento – e o que quero dizer com isso é que, para além de conhecer as particularidades de cada faixa etária e saber o que fazer com essas informações, há também o como fazer.
Então, para apoiá-los nessa hora de pensar como consolidar boas práticas pedagógicas, escolhi abordar um dos pontos que listei acima, os agrupamentos, apresentando a sua multiplicidade de tipos. Ao final, trago ainda uma sugestão de como essas diversas perspectivas podem ser trabalhadas em um único dia na escola. Vamos juntos nessa?
Por livre escolha: é um agrupamento que contempla uma variedade de espaços e materiais para que as crianças tenham a possibilidade de transitar conforme seus interesses – com foco no desenvolvimento da independência, da autonomia, da capacidade de fazer escolhas e em conhecer os próprios gostos e iniciativa.
Coletivos: oportunizam o contato com todo mundo, como as rodas de conversa e leituras em voz alta realizadas pelo educador. Neles, são incentivadas a unidade e a dimensão de pertencimento a um grupo.
Produtivos: aqui, os arranjos são formados a partir da observação do professor sobre o potencial que existe para colaboração, ajuda mútua e troca de ideias entre os pequenos. Uma possibilidade interessante é a escrita de um texto breve, em que a criança que está em fase de desenvolver habilidades para a escrita espontânea tem o apoio e o incentivo dos seus pares.
Alternados: como em qualquer outro espaço de convivência, as crianças tendem a fazer aproximações por afinidade. Só que, a fim de desenvolver habilidades de relacionamento, podemos intervir para que o contato com diferentes colegas seja ampliado. Desse modo, inicialmente se faz a observação e a proposição de grupos diversificados, que são a seguir alternados entre a livre escolha e a mediação. Vale, então, propor novos parceiros, trazer materiais que possibilitem a aproximação entre as crianças ou ainda estimular a brincadeira de livre escolha logo após uma proposta coletiva de cooperação.
Por estações: metodologia ativa que requer a intervenção mais efetiva do professor. É importante que todo o grupo compreenda que haverá a movimentação entre as estações e que terão tempo e oportunidade para percorrer os espaços. Neste modelo, o planejamento cuidadoso do tempo dos grupos em cada parada, a alternância entre estações com elementos já conhecidos pelo grupo e outras com materiais inéditos, que proporcionam curiosidade, são questões importantes a serem consideradas. Essa estratégia pode causar certa resistência no início, mas com o tempo se torna uma das mais eficientes maneiras de trabalho com turmas grandes.
Multietários: relembrando algumas das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), entre as boas práticas para essa etapa, estão aquelas que “possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e conhecimento da diversidade”. Daí, partem sugestões como brincadeiras em espaços com diferentes grupos; momentos culturais nos quais os pequenos compartilhem aprendizagens com toda a comunidade escolar; e também feiras, oficinas, piqueniques e outras atividades que garantam esse contato entre faixas de idade.
Momentos individuais: são igualmente relevantes, e atente-se para que cada um tenha a quantidade de material suficiente para explorar de maneira individualizada e mesmo um canto na sala para quando sentirem vontade de descansar. Podemos citar ainda a hora do sono, com espaço para objetos pessoais de apego – e, caso a criança não queira dormir, com acesso a brinquedos e outros itens.
Na recepção, organizo três ou quatro espaços diferentes da sala para os arranjos de livre escolha. Enquanto brincam, observo os diálogos e construções e acolho as ideias e falas dos grupos. Para mobilizar a alternância de situação, aviso que em poucos instantes vamos nos reunir no coletivo – momento em que ou fazemos combinados sobre a rotina e as propostas em andamento, ou apresento sugestões para começar novas pesquisas a partir dos interesses e necessidades deles.
No momento seguinte, organizamos os grupos por estações para que cada criança tenha condição de dar continuidade com qualidade às suas construções e de contar com meu apoio, se assim desejar. Posteriormente, ao nos prepararmos para a refeição, é possível intervir na composição e na reorganização das mesas estimulando a alternância entre grupos – seja identificando cadeiras com o nome de cada um, seja levando a refeição para um espaço diferente ou pensando em brincadeiras específicas.
Já na área externa, sugiro uma brincadeira de roda ou coletiva na qual todos tenham a oportunidade de se olhar, de integrar e de se expressar. Na sequência, no parque, trago materiais para que novamente haja a oportunidade de livre escolha, agora contando com a companhia dos bebês que se movimentam por esse espaço – dessa forma, incentivo que todos interajam, oportunizando o agrupamento multietário.
Viu como é possível trazer variados arranjos em um único dia? Agora, considere essa diversidade ao longo de um mês, de um ano… Quantas aprendizagens são possíveis, não é mesmo?
Um abraço e até breve!
Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.
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