Alfabetização: sugestões de atividades para desenvolver a oralidade
Com base em habilidades previstas na BNCC, confira sete propostas que podem ser usadas com turmas de alfabetização
PorMara Mansani
28/04/2022
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Jornalismo
PorMara Mansani
28/04/2022
Todos os dias começo as aulas com minha turma de alfabetização na EMEF Professora Sílvia Haddad, em Salto de Pirapora (SP), com uma atividade de oralidade. É uma proposta permanente que também permite desenvolver elementos das demais práticas de linguagem (leitura, escrita e análise linguística).
A prática consiste em recitar coletivamente um poema ou uma parlenda que explore ritmo, rimas e conte uma narrativa. A declamação é acompanhada de encenação, gestos e movimentos que marcam o texto. Diariamente dois alunos são escolhidos para puxar a dinâmica e todos participam.
Começamos com “A porta”, de Vinícius de Moraes; depois mudamos para “A bailarina”, de Cecília Meireles, e agora estamos com os versos de domínio público, “O pintor de Jundiaí”. As crianças simplesmente adoram e colocam muita energia na apresentação. É lindo de se ver e ouvir!
Para eles é só uma brincadeira divertida, mas há toda uma intencionalidade pedagógica por trás dessa atividade. Esse é um ponto importante para refletirmos: a oralidade é objeto de estudos assim como a leitura e escrita, por isso deve estar presente nas propostas de sala de aula, ações e projetos.
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Confira uma série de reportagens gratuitas com orientações e sugestões práticas para desenvolver e consolidar as habilidades de leitura e escrita do 1º ao 5º ano.
Reflita: costuma encaminhar alunos para o apoio pedagógico por conta de dificuldade na oralidade? Projetos de oralidade fazem parte da sua prática? Salvo raras exceções é provável que responda não para ambas as perguntas. O que geralmente acontece é a escola, em casos mais graves, orientar as famílias a buscarem um fonoaudiólogo.
É necessário ir além e ampliar nossas práticas nessa frente. Entender que são habilidades que se constroem no âmbito social, ou seja, na troca com o outro, com diferentes interlocutores, nas interações sociais e que não é uma competência inata do ser humano, ela precisa ser desenvolvida.
Existem muitas possibilidades para aprimorar a comunicação verbal das crianças. No ciclo de alfabetização, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) sugere alguns caminhos – baixe um botão a seguir uma curadoria de habilidades ligadas à oralidade previstas na BNCC, e que devem estar inseridas no currículo de sua rede.
Veja sete propostas que podem ser desenvolvidas a partir da análise dessas habilidades previstas para os Anos Iniciais:
Já fiz nesse formato com alunos da Educação de Jovens e Adultos. Eles abordaram temáticas ligadas à saúde, trabalho e cidadania. Foi um sucesso entre os ouvintes e de aprendizagem para a turma que produziu.
Outro formato possível é o podcast. Não se esqueça que é necessário também desenvolver as habilidades de escuta dos alunos e abordar, desde cedo, as questões éticas e de responsabilidade com aquilo que dizemos.
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Conheça diferentes formas de trabalhar com ferramentas digitais ou programas de criação e edição de podcasts para desenvolver a oralidade e a capacidade de argumentação dos estudantes.
Antes de terminar, destaco dois pontos de atenção para orientar qualquer proposta nessa frente. O primeiro: converse com as crianças considerando-as como interlocutores. Ou seja, olhe no olho, escute-as com atenção e paciência, dê tempo para que respondam sem atropelar seu raciocínio.
O segundo ponto é que, quando estiver pensando uma atividade, apresente modelos de produção oral para que os alunos entendam as possibilidades. Também é importante planejar boas perguntas para fazer intervenções durante a realização da proposta.
Espero que aproveite e se inspire com as sugestões. Se já faz algo nesse sentido, conte aqui nos comentários!
Um abraço e até a próxima!
Mara Mansani
Mara Mansani é professora há 34 anos, lecionou em vários segmentos, da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2006, teve dois projetos de Educação Ambiental para o Ensino Básico publicados pela ONG WWF, no livro “Muda o Mundo, Raimundo”. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com Lengalenga.
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