Explore batuques afro-brasileiros de todos os tipos
O agogô, o reco-reco e até o corpo da criançada ajudam a introduzir os ritmos
PorNOVA ESCOLALarissa TeixeiraAna Ligia Scachetti
01/08/2013
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Jornalismo
PorNOVA ESCOLALarissa TeixeiraAna Ligia Scachetti
01/08/2013
A intenção da professora Guadalupe da Silva Vieira era ampliar o repertório musical da meninada e desenvolver o gosto pela cultura afro-brasileira. Ao esmiuçar os instrumentos e ritmos que compõem esse estilo, ela ainda atendeu à exigência da Lei nº 10.639, que determina a inclusão dessa temática no Ensino Fundamental. "Quando o professor realiza atividades valorizando a cultura afro-brasileira, ele abre a possibilidade de a criança perceber a diversidade do povo do país, o que é fundamental para evitar o preconceito e o racismo", ressalta Neide Aparecida de Almeida, coordenadora do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil, em São Paulo.
A sequência foi realizada com as turmas de 3º ano da EMEF Maria Edila da Silva Schmidt, onde Guadalupe trabalhava no ano passado, e da EMEF Maria Gusmão Britto, em que ela atua este ano, ambas em São Leopoldo, a 40 quilômetros de Porto Alegre. Para o primeiro momento, a docente compartilhou com todos um texto sobre a história da música afro-brasileira feito por ela, com informações compiladas dos sites A Cor da Cultura, Portal da Cultura Afro- brasileira e Grupo Nzinga de Capoeira Angola. Ela também fez uma leitura coletiva de trechos do livro Vivendo a Diversidade da Cultura Afro-brasileira (Pilar Espí, 224 págs., Ed. Fapi, tel. 31/3304-3322, 59,90 reais). Com isso, explicou que os primeiros escravos vindos da África chegaram aqui em 1538, trazendo suas culturas e seus idiomas. E comentou que a música criada por eles e seus descendentes é uma mistura de ritmos portugueses, indígenas e africanos, o que produz a grande variedade de estilos existentes hoje em dia.
"Os sons que os alunos conheciam eram relacionados à religião. Eles diziam que eram de rituais de macumba. Fui desmistificando a ideia e mostrando que ela demonstrava um modo pejorativo de pensar sobre a cultura afro-brasileira", conta. Para exemplificar a diversidade e a riqueza desse tipo de música, ela colocou para os alunos ouvirem canções de Pixinguinha (1897-1973) e de outros artistas contemporâneos que possuem influências africanas, como Martinho da Vila, Gilberto Gil, Leci Brandão e Maria Bethânia.
Na aula seguinte, a professora apresentou no datashow imagens de alguns instrumentos de origem africana, como agogô, atabaque, berimbau, reco-reco, xequeré, caxixi e ganzá. Ela explicou as características de cada um. O caxixi, por exemplo, significa "palma da mão" no idioma quimbundo e é formado por uma cesta de vime cheia de pedrinhas. E, para mostrar os sons, colocou o CD Gonguê. Em seguida, usando o mesmo disco, ela mostrou ritmos que utilizam esses instrumentos, como o maracatu, o afoxé e o samba de roda (veja na página seguinte os instrumentos correspondentes a cada ritmo). Durante a audição, ela propôs uma investigação: os alunos se dividiram em grupos e tiveram de descobrir qual instrumento era utilizado em cada ritmo, conforme a ordem em que surgiam. Depois de algumas tentativas, quando ela perguntava quando o atabaque era usado, eles já sabiam que era durante a execução do samba de roda, por exemplo.
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