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Jornalismo

Consciência Negra: 6 materiais de alfabetização para ensino remoto ou híbrido

Conheça possibilidades de trabalhar a cultura e história da população negra o ano inteiro

PorMara Mansani

09/11/2010

Foto: Getty Image

“Vidas negras importam”. Essa frase se transformou em um brado forte por todo o mundo e como educadores precisamos trazer esse debate e a reflexão para dentro da sala de aula.

Penso que não só no dia da Consciência Negra, nem só para falar sobre os preconceitos e o racismo, mas para construir possibilidades de uma educação antirracista.

Pensando em tudo isso e na alfabetização, acredito que podemos trazer propostas para a reflexão, que abram o debate e também que contribuam para desenvolvimento da leitura e escrita dos nossos alunos. Afinal, histórias, palavras, arte, e toda a cultura negra importam. Elas fazem parte da nossa história, das nossas raízes e da nossa humanidade.

Selecionei seis materiais de diferentes formatos e linguagens para você propor:

1) Calendário de divulgação científica com Cientistas Negras, lançado pela Fiocruz

Conheça esse calendário incrível, que traz citações e um pequeno resumo da vida de mulheres negras, que revolucionaram na ciência e outras áreas de conhecimento.

Com ele você pode propor aos alunos de conhecer um pouco da história de personalidades negras e ainda uma leitura de legendas. 

Que tal fazer uma reflexão para a turma: a Educação é um direito de todos?

Conheça 5 brincadeiras africanas para mostrar aos seus alunos

A diversidade pode estar em diversos aspectos da sua aula. Nesta edição de NOVA ESCOLA BOX, você pode conferir brincadeiras africanas para ensinar para turma e ainda levar uma nova cultura. 

 

2) Cartaz de mulheres negras

Que tal sugerir a leitura de cartazes, pedir para que os alunos destaquem elementos que compõem o gênero? Também é possível propor a produção de outro cartaz de forma coletiva, destacando outra personalidade negra, de preferência brasileira.   Veja algumas sugestões aqui

Para levar uma reflexão aos alunos: que tipo de trabalho você costuma ver pessoas negras?

3) Vídeo tutorial e produção de texto coletivo

Você sabe o que é uma Abayomi? Assista o vídeo do tutorial com as crianças e proponha a produção coletiva do mesmo tutorial, mas agora escrito.

Para reflexão dos alunos: você conhece outros brinquedos ou brincadeiras de origem africana? O que você pensa ou entende sobre o significado da palavra Abayomi “encontro precioso”?

Sugestão de atividade sobre as bonecas Abayomi

Monte bonecas Abayomi com a sua turma, fale sobre a cultura dos povos quilombolas e veja um plano de aula para aprofundar o assunto com os estudantes.

4) Texto "O pequeno príncipe preto"

Que tal propor uma roda de conversa após a leitura colaborativa do texto “O pequeno príncipe preto? É uma forma de exploração a questão da racial pela oralidade.

5) Uma versão da Monalisa

Faça uma releitura de obras de arte com um novo olhar para obras consagradas, mas na versões delas com personagens negras. Leve a turma refletir: qual o lugar das pessoas negras?

Proponha um painel coletivo com colagem de imagens de pessoas representando várias culturas e etnias com mensagens escritas pelas crianças.

6) Zine da Conceição Evaristo

Um material incrível que traz a vida, obras e palavras da grande escritora Conceição Evaristo, é este zine do Mundo de Bartô. A proposta é ler e fazer as atividades de escrita do zine “minhas escrevivências”.

Para apresentar esse material e todas as atividades que sugeri aqui, proponho usar o formato de mural online, o Padlet. Algumas atividades podem ser feitas no contexto familiar com apoio da família com acesso online, ou sala de aula virtual com o professor, ou até em aula presencial na escola.

O formato das aulas e organização dependem da realidade dos alunos e das possibilidades do professor, mas o mais importante é não perder o foco: trazer o debate para a construção de uma educação antirracista.

Essas são algumas das diversas possibilidades de fazer a Educação acontecer, é só um começo de um mundo enorme, mais justo e humano. É nossa responsabilidade, como educadores, contribuir nesse processo de mudar essa realidade tão triste e desumana, que mata, marginaliza, deixa invisíveis seres humanos por conta da cor da sua pele. Basta de racismo!

Sei que não é fácil, mas precisamos reconhecer que nossas escolas, muitas e muitas vezes são espaços de opressão, de preconceitos e até mesmo de discriminação racial. Se você, professora e professor, já faz alguma ação para a construção dessa Educação antirracista, conte aqui nos comentários.

Um grande abraço e até a próxima,

Mara

Mara Mansani é professora há quase 30 anos, lecionou em vários segmentos, da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2006, teve dois projetos de Educação Ambiental para o Ensino Básico publicados pela ONG WWF, no livro “Muda o Mundo, Raimundo”. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com Lengalenga.

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