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Jornalismo

Santo Agostinho nos coloca uma questão interessante: "O que é o tempo? Se ninguém pergunta isso, eu não me pergunto, eu o sei; mas, se alguém me pergunta e eu quero explicar, eu não sei mais". É citando essa passagem que François Dosse inicia o livro A História (322 págs., Ed. Edusc, tel. 14/2107-7252, 47,30 reais), de 2000, traduzido para o português e publicado no Brasil em 2003. Ao longo do texto, ele completa a ideia: "Se o passado não existe mais e o futuro ainda não é, como apreender o que pode ser o tempo?"

Tempo e história são apresentados como duas noções relativamente fáceis de compreender, mas muito difíceis de explicar. "O que é o tempo?" ou "o que é história?", segundo o autor, são perguntas a que muitos já se dedicaram desde que se desenvolveu a ciência histórica, no século 19.

Com base nesses questionamentos, o autor procura revisitar muitas das teorias produzidas por pesquisadores de diferentes linhagens intelectuais e que compuseram o conjunto das formas de pensar que mudaram ao longo do tempo. Essas informações são essenciais para entender a história, já que ela não é apenas uma coleção de datas, fatos, nomes, personagens e ações. Aquilo que aconteceu no passado é parte do conhecimento histórico que temos sobre a nossa sociedade.

A importância fundamental desse livro para um professor de História recai sobre conhecer melhor esses sistemas de pensamento, o que poderíamos chamar de um conjunto mais ou menos organizado de formas de pensar. Ele inclui noções de temporalidade, processo, diversidade, identidade, complexidade e causalidade. Essas maneiras diferentes de ver o mundo mudaram ao longo do tempo e não deixaram de ser objeto de reflexão. Sabendo disso, passamos a tomar essas ideias como parte fundamental de lecionar para alunos de qualquer idade.

Sobre o autor Francês, historiador e teórico da História, escreveu também A História em Migalhas.

Daniel Vieira Helene, autor desta resenha, é professor da Escola da Vila, em São Paulo, e selecionador dos trabalhos de História do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.

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Trecho do livro

"A perda de um bom número de certezas e a renúncia a desmedidas ambições hegemônicas modificaram, profundamente, a situação historiográfica para dar lugar a novas interrogações sobre as noções utilizadas pelos historiadores, que se voltam sobre o passado de sua disciplina e para os filósofos, que pensaram as categorias da historicidade. O objeto desta obra não visa a preconizar um sistema de história nem pretende esgotar o assunto. Modestamente, ele se quer como um convite à leitura dos historiadores pelos filósofos, e da filosofia da história pelos historiadores. A conjuntura parece favorável a essa nova configuração ou nova aliança entre esses dois domínios conexos porque o historiador de hoje, consciente da singularidade de seu ato de escritura, tende a fazer Clio passar para o outro lado do espelho, numa perspectiva essencialmente reflexiva. Disso resulta um novo imperativo categórico que se expressa pela exigência, de um lado, de uma epistemologia da história concebida como interrogação constante dos conceitos e noções utilizados pelo historiador de ofício e, de outro lado, de uma atenção historiográfica nas análises empreendidas pelo historiador de outrora."

De 29 de abril a 31 de maio, quem entrar em contato com a Editora Edusc e mencionar a parceria com NOVA ESCOLA ganha 30% de desconto na compra de um exemplar. 

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