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Jornalismo

3 planos de aula sobre alfabetização para usar a distância

Entenda como usar material e apresentar orientações assertivas para os responsáveis das crianças

PorMara Mansani

08/06/2020

Foto: Getty Image

Esse momento delicado e complexo que passamos de pandemia, que afeta diretamente a Educação em todo o mundo, demanda, entre outras coisas, muitas transformações nas nossas práticas de sala de aula, que precisam ser adaptadas para aplicação e desenvolvimento no contexto familiar.

É preciso repensar a prática pedagógica, buscar novas estratégias, estudar ainda mais. Ou seja, aprender e reaprender a ser professora agora no ensino remoto. Me sinto como se estivesse fazendo o magistério, lá no início da minha carreira, e todo dia um mesmo questionamento: “Como é que eu faço isso?”. Esse questionamento vai direcionando o caminho das adaptações das minhas propostas para a aprendizagem dos alunos, especialmente da alfabetização.

Pesquisar planos de aula para usar a distância

Não é uma tarefa fácil, mas por outro lado é um grande desafio que leva a reflexão do meu papel como professora, tendo como meta que meus alunos continuem uma rotina de estudos e aprendendo.

Estou debruçada nos planos de aula de NOVA ESCOLA sobre alfabetização para apresentar as adaptações para que vocês, queridos professores, possam orientar e apoiar os estudos das crianças, agora em suas casas. São planos alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de qualidade, feitos de professor para professor, que vivenciam a realidade da sala de aula e que agora ganham outras possibilidades de desenvolvimento.

Compartilho com vocês um dos planos que adaptei de alfabetização para que compreendam melhor a proposta e outros dois adaptados por outros professores.

1. Nome próprio e segmentação em sílabas
No plano, as crianças são desafiadas a identificar e construir o próprio nome, relacionando fonema grafema. São propostas de atividades que levam a criança a refletir sobre o sistema de escrita alfabético, explorando a oralidade e a leitura. Uma atividade consiste na montagem do quebra-cabeça do nome próprio da criança, segmentado em sílabas. A outra é a identificação do nome em um lista dos nomes da turma, em um mural.

(EF01LP05) Reconhecer o sistema de escrita alfabética como representação dos sons da fala.
(EF01LP06) Segmentar oralmente palavras em sílabas.

Para a realização das atividades são indicadas as perguntas do professor ao aluno para que ele reflita sobre a base alfabética e as orientações para agrupamentos produtivos, por exemplo. Clique aqui e conheça a adaptação proposta por mim.

2.Descobrir as rimas em cantigas
Durante o ciclo de alfabetização, as cantigas são ferramentas importantes na aula e nesta sugestão de atividade, as professoras sugerem o uso de um jogo para trabalhar a distância o tema.

(EF12LP19) Reconhecer, em textos versificados, rimas, sonoridades, jogos de palavras, palavras, expressões, comparações, relacionando-as com sensações e associações.

O objetivo é que as crianças exercitem suas percepções sonoras e percebam que as palavras rimam entre si. Veja como apresentar o tema aqui.

3. Criando legendas
A produção textual de legendas é uma atividade bastante proposta aos alunos nos Anos Iniciais e está em habilidades da BNCC também. O plano de aula apresenta uma plataforma virtual, que pode servir de mural online para inserir as fotos com legendas, por exemplo.

(EF01LP17) Planejar e produzir, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, listas, agendas, calendários, avisos, convites, receitas, instruções de montagem e legendas para álbuns, fotos ou ilustrações (digitais ou impressos), dentre outros gêneros do campo da vida cotidiana, considerando a situação comunicativa e o tema/assunto/ finalidade do texto.

(EF15LP05) Planejar, com a ajuda do professor, o texto que será produzido, considerando a situação comunicativa, os interlocutores (quem escreve/para quem escreve); a finalidade ou o propósito (escrever para quê); a circulação (onde o texto vai circular); o suporte (qual é o portador do texto); a linguagem, organização e forma do texto e seu tema, pesquisando em meios impressos ou digitais, sempre que for preciso, informações necessárias à produção do texto, organizando em tópicos os dados e as fontes pesquisadas.

Clique aqui para acessar o plano e conferir as sugestões para sua aula a distância.

Mas e agora? Como é que eu faço no ensino remoto?
Pais não são professores e não têm o conhecimento pedagógico para orientar as perguntas, não há grupos de alunos para as interações, entre outras dificuldades para a realização das atividades.

Aí é que entram as adaptações! Mas, antes, precisamos compreender que a proposta agora, no ensino remoto, no contexto familiar, não é propriamente alfabetizar, afinal isso é papel do professor, mas sim de dar uma continuidade ao estudo da criança em alfabetização. Criar situações de imersão na leitura e escrita em suas casas, que o mantenham nessa curiosidade e investigação na construção do conhecimento, preparando-a para a volta dos estudos na escola.

Vejam as adaptações que pensei (primeiro plano que indiquei acima) para o professor orientar os pais ou responsáveis. Penso que pode servir de base para vocês adaptarem suas práticas em alfabetização. Confira abaixo:

Apresente a proposta
Grave em vídeo, áudio, ou use um documento escrito em PDF, a apresentação da proposta de alfabetização que será desenvolvida no contexto familiar. Ela pode ser enviada pelo WhatsApp ou outros canais que permitam a comunicação remota. Lembre-se de deixar as orientações claras, objetivas e curtas, para facilitar o acesso. Se necessário, apresente a atividade em formato offline, em um texto escrito impresso, para envio as famílias.

Ao falar com a família, evite usar termos técnicos, próprios da profissão de professor, como, por exemplo, “hipótese silábica alfabética”. Escreva de uma forma que os pais possam entender, dê características ou exemplos que levem ao entendimento.

Crie um tutorial para que as famílias entendam a atividade
Se necessário, crie um tutorial no formato que for mais adequado à realidade das famílias e não muito longo, explicando o passo a passo do desenvolvimento das atividades propostas.

Por exemplo: Leia com a criança… Faça as perguntas… Sugira às famílias.

Realizar em casa atividades lúdicas como brincadeiras e jogos, ou cantar e recitar parlendas que explorem os nomes próprios, como bingo dos nomes, jogo da forca etc. Solicite que tentem envolver a todos do contexto familiar, incentivando a manutenção e desenvolvimento do estudo da criança.

Além das atividades propostas no plano, proponha a realização, entre a família e a criança, como atividade permanente, um bate-papo a respeito dos sentimentos e ansiedades em época de confinamento.

Para compartilhar com o grupo
Convide os familiares para que registrem, da forma como for possível, os momentos das atividades. Sugira o uso de foto, vídeo ou áudio, comentando como foi essa valiosa experiência. Solicite a autorização dos pais e crie um painel/mural virtual coletivo com esses registros, para compartilhamento das vivências e experiências de aprendizagem em casa.

Como fiz a adaptação
No primeiro momento, adaptei as atividades sugeridas no plano e mudei as orientações do professor para as famílias. Depois criei outras atividades, sugerindo outras estratégias e conteúdos de apoio. Esse pode ser um dos caminhos para as nossas adaptações, criar um jeito novo de desenvolver a prática, complementar com outros elementos para suporte e entendimento da família, criando situações que ampliam as possibilidades de estudos das crianças em casa e consequentemente a aprendizagem.

Aliás, nesse momento todos nós, professores, estamos aprendemos a reinventar nossas práticas, aprendendo a usar novas tecnologias. Os pais estão realmente acompanhando e participando da educação de seus filhos e as crianças, que apesar de todas as dificuldades impostas nesse momento, podem ser amparadas e apoiadas nos estudos mesmo de forma remota.

Viram como é possível? Então vamos lá! Acessem e usem os planos de NOVA ESCOLA já adaptados e criem também suas próprias adaptações. Vamos todos juntos fazer com que a Educação em nosso país continue acontecendo, mesmo de forma remota, pelas nossas crianças, adolescentes e jovens.

Um grande abraço e até a próxima,

Mara

Mara Mansani é professora há quase 30 anos, lecionou em vários segmentos, da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2006, teve dois projetos de Educação Ambiental para o Ensino Básico publicados pela ONG WWF, no livro “Muda o Mundo, Raimundo”. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com Lengalenga.

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