Concursos: 7 dicas para organizar seus estudos
A neurociência aponta que é preciso lembrar das horas de descanso e de diversão para ter uma maior retenção dos conteúdos
PorPaula Salas
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Jornalismo
PorPaula Salas
Todos os que estão se preparando para um concurso já devem ter feito esta pergunta: é mais difícil para os adultos aprenderem algo novo? A boa notícia é que a neurociência aponta que não. Independente da idade, todos têm a mesma possibilidade de aprender. Não há diferença molecular ou celular entre a forma que uma criança ou um adulto aprende. “O mecanismo de efetivação do processo de aprendizado e de consolidação em memória é apenas um”, explica Alfred Sholl-Franco, professor de Neurobiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Núcleo de Estudos em Neurociências e Educação (Neuroeduc).
A diferença está em quanto a pessoa já aprendeu antes e o quanto ela consegue interligar as informações. O professor explica que as crianças vivem um momento intenso de aquisição de conhecimento, mas que, quanto mais conhecimento adquirido, mais a pessoa pode usar essas informações como moeda de troca para melhorar os novos aprendizados. Como assim? A aprendizagem é favorecida quando criam-se relações entre os conhecimentos prévios com os novos, isto é, criar uma rede de ligações entre as informações.
Na neurociência, existe uma pirâmide de aprendizado. Na base dela estão as práticas que promovem a maior retenção e, na ponta, aquelas práticas que menos retemos. Segundo Alfred, apenas ouvir os conteúdos, seja uma aula ou palestra, tem, aproximadamente, 5% de eficácia de retenção. A partir disso, essa taxa aumenta se são incorporados ao processo de aprendizagem a leitura, vídeos, imagens e chega a 50% quando o assunto estudado é objeto de discussão e troca. Ele afirma que o mecanismo mais eficiente é explicar o assunto para outra pessoa.
No entanto, é importante levar em consideração que cada pessoa tem habilidades e características diferentes. Então o melhor método de estudo depende se você é uma pessoa mais motora ou sensorial. “Uma coisa que afeta o aprendizado é o afetivo”, aponta Alfred. Segundo o professor, é importante levar em consideração aspectos emocionais no processo de aprendizagem.
Quem está se preparando para prestar um concurso público sabe o desafio que é encaixar uma rotina de estudos no dia a dia. Se é sua primeira vez prestando concurso ou quer repensar a forma que está se preparando, confira 7 dicas para se organizar e estudar para essas provas:
Quanto tempo você consegue dedicar aos estudos? Ao responder essa pergunta você precisa ser realista e honesto. Se você está na faculdade e trabalha o dia inteiro, não adianta dizer que vai reservar 5 horas todo dia para estudar. “Se você sabe que não vai conseguir disponibilizar tanto tempo, tem que adaptar a sua forma de estudar”, afirma Georgito Arouca, CEO da 2B - editora especializada em materiais de estudo para concurso.
Se você está estudando para um concurso específico, provavelmente, terá menos tempo para estudar, então a rotina precisará ser mais intensa. Por isso, é necessário avaliar caso a caso e ser realista em relação ao que cabe na sua rotina.
Independente das horas disponibilizadas, é preciso se comprometer a cumprir esse planejamento. “Indico criar um compromisso semanal como se estivesse na universidade. Ter uma grade e seguir como se fosse uma aula”, sugere Juliana Garcia, professora do Intensivo Pedagógico - plataforma de cursos de preparação para concursos - e criadora do site pedagogia para concurseiros.
Se você está estudando para um concurso específico, é interessante rever as provas anteriores para verificar suas dificuldades e pontos fortes. Mas, é importante entender o peso dado para cada conteúdo para avaliar e priorizar os esforços.
Mesmo que ainda não esteja estudando para um edital já aberto, Juliana explica que há conteúdos básicos que são cobrados na maioria dos concursos como, por exemplo, Fundamentos da Educação ou legislação educacional. Então, é um bom caminho para começar.
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Alfred explica que, do ponto de vista da neurociência, para ter uma maior retenção é interessante estudar parcelado, isto é, não estudar tudo de uma vez só, mas dividir os tópicos de cada assunto; prever no planejamento a revisão de assuntos; e organizar os tópicos principais de forma a que possam encadeados - como mencionamos anteriormente há maior sucesso de retenção quando os conteúdos são interligados com conhecimentos prévios, pois dá um sentido para aquela informação.
“O concurso não está apenas para medir seus conhecimentos, mas para medir se você sabe resolver a prova”, aponta Georgito. Por isso, é importante reservar tempo durante o estudo para resolução de questões e não deixar apenas para o final.
“Na pedagogia falamos muito sobre aprender com o erro, mas na hora de estudar para um concurso, esquecemos”, afirma Juliana. Ela explica que analisar e entender o erro - não apenas memorizar -, ajuda no processo de aprendizagem. “Não sentir como um fracasso, mas um momento de aprendizagem”, complementa a professora.
Mais do que quantidade de estudo, é importante a qualidade. Para ter o maior aproveitamento do seu tempo de estudo, é importante se conhecer. “A pessoa tem que se conhecer como aprendiz”, aponta Alfred. Saber quais as estratégias que melhor funcionam para você e, dentro desses métodos, é interessante intercalar as formas de estudo.
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É importante manter-se disciplinado para seguir o planejamento dos estudos, mas é preciso de equilíbrio. Não pode esquecer de descansar, se alimentar bem e se distrair. “Uma falha muito frequente dos estudantes é achar que pode estudar de véspera, virar a noite sem nenhuma consequência”, alerta Alfred. Ele explica que o processo de consolidação da memória - isto é, a etapa final do processo de aprendizagem - acontece durante o sono, por isso um bom sono é essencial para quem está estudando para concurso. “ Se você entope sua cabeça com informações, ela não vai consolidar de uma hora para a outra. A consequência é desgastar [o cérebro], ficar estressado e no dia seguinte dá branco, esquece”, explica.
Prestar concurso é um investimento. É um compromisso de médio a longo prazo, requer tempo, muita dedicação. Por isso, para manter-se focado e não desistir da rotina de estudos é importante estar motivado.
O emocional pode interferir nos estudos, por isso é importante que o esforço faça sentido. “A pessoa precisa ter prazer no estudo. Se ela só ficar no estudo, o estudo vira uma obrigação desagradável”, afirma Alfred.
Independente de estar muito preparado e ter gabaritado todos os simulados, há um fator que você não pode subestimar: o emocional. Muitos concurseiros no dia da prova passam mal por conta do nervosismo e ansiedade. Por isso, é importante entender o que funciona melhor para você controlar o emocional. Não há uma fórmula certa, há quem fique mais tranquilo estudando até o último momento, quem prefira descansar ou sair e se distrair. O importante é levar em consideração esse fator e se planejar.
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