Como um jogo de tabuleiro estimula a inclusão
Material pedagógico acessível reúne todos os alunos e ensina sobre seres vivos e biodiversidade
24/09/2019
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Jornalismo
24/09/2019
Nada melhor do que um jogo de tabuleiro para reunir crianças em volta de uma mesa. E, se esse jogo também inclui todos os alunos, com e sem deficiência, e trabalha disciplinas como Ciências, Geografia, Língua Portuguesa e até Matemática, melhor ainda.
Essa é exatamente a proposta do Material Pedagógico Acessível Trilha dos Seres Vivos (saiba mais sobre esse projeto aqui), criado na EMEF Desembargador Teodomiro Toledo Piza, em São Paulo (SP). Esse material faz parte do projeto Materiais Pedagógicos Acessíveis, lançado pelo Instituto Rodrigo Mendes (IRM) no portal Diversa, que consiste em uma série de recursos desenvolvidos por educadores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem em turmas compostas por estudantes com e sem deficiência.
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O jogo de tabuleiro Trilha dos Seres Vivos foi idealizado para trabalhar temas ligados à biodiversidade e ecologia, mas o material pode ser utilizado de acordo com o conteúdo a ser trabalhado, pois permite várias formas de uso com outras disciplinas. E são várias vias de aprendizagem: visual (cenário e miniatura), tátil (miniaturas, braile e numerais em relevo) e sonora (dado sonoro, permitindo várias associações e ampliação das possibilidades de percepção).
O projeto foi desenvolvido na turma do 3º ano do Ciclo de Alfabetização da EMEF Desembargador Teodomiro Toledo Piza, que tinha alunos com idades entre 8 e 11 anos, incluindo um com hipótese diagnóstica de autismo e outros com dificuldades de aprendizagem.
Uma das criadoras do jogo, a professora da Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) Eliane Pereira de Oliveira, contou à NOVA ESCOLA que tudo começou com o aluno com diagnóstico de autismo.
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“Eu falava das plantas com a minha sala e o aluno com diagnóstico de autismo queria compreender como as plantas de alimentavam. Plantamos alfaces, hortaliças e ele começou a compreender, viu crescer, viu que tinha um processo. Então nós começamos a falar dos seres vivos e surgiu a ideia da trilha”, explica Eliane.
“Todos os alunos se envolveram, eles ajudaram a construir, a fazer as fichas, recortar, fazer os números em braile, toda a descrição do jogo. A construção foi toda coletiva”, acrescentou.
Também participaram da criação do projeto as educadoras Marcia Regina Cassiano e Sandra Azevedo Augusto.
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“A trilha veio dessa ideia, para a criança aprender brincando. Ela vai aprender os conteúdos na brincadeira, na troca com o amigo, com o professor”, explica Eliane.
“E eles compreenderam o conteúdo, as coisas que eram difíceis para eles, houve essa compreensão de uma forma mais fácil. Qualquer coisa que falássemos (em sala de aula), eles já respondiam ‘já sei!’”, conta.
Eliane afirma que a principal mudança foi observada no aluno com diagnóstico de autismo, já que sua sala, por ser SRM “já era uma sala inclusiva, eles já tinham a noção do respeito, já era do convívio deles”.
“A mudança foi mais com o aluno (com diagnóstico de autismo). Ele era muito tímido, não se aproximava das outras crianças, tinha a questão do estar junto, do toque. Mas, depois do jogo, ele ficou mais próximo: ele não fazia duplas, com o jogo ele começou a fazer dupla com outros alunos, queria falar na frente da sala de aula, começou a responder chamada”, diz.
Eliane conta que os alunos que iniciaram o projeto em 2018 agora estão no 4º ano, com outra professora, mas ainda jogam o Trilha dos Seres Vivos.
O jogo original está na sala de recursos, de Eliane e, quando os outros professores precisam, pegam para usar com seus alunos. E a professora explica que fez mais adaptações para uso em outras turmas de outros anos.
“Começamos a trabalhar no jogo com nomes dos animais, letras iniciais, cores, a questão dos números, eles podem descrever os animais, algo mais diferenciado”, afirma.
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