Como fazer um bom registro de práticas pedagógicas
Especialistas em Educação e fotógrafos trazem dicas para professores melhorarem o acompanhamento das atividades em aula e compartilharem seus projetos
03/09/2019
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Jornalismo
03/09/2019
Planejar aulas, corrigir provas e preencher o diário de classe. Com tantas atividades que fazem parte da rotina do professor, às vezes falta tempo para sentar e organizar as anotações sobre todas as atividades e projetos que foram realizados em sala de aula. No entanto, mais do que uma tarefa burocrática, o registro de práticas pedagógicas é um instrumento valioso que permite acompanhar o desenvolvimento dos estudantes e ainda refletir sobre o próprio trabalho.
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Para apoiar professores nesse processo, o Porvir conversou com especialistas em Educação e fotógrafos para trazer dicas de como preparar uma boa documentação.
Apesar do registro apresentar especificidades conforme o contexto e a etapa de ensino em que o professor atua, a consultora de projetos de Educação no Grupo Tellus Marília Magalhães chama atenção para a documentação de alguns itens que podem apoiar na avaliação dos estudantes, como os objetivos de aprendizagem de cada atividade, as etapas percorridas dentro da aula e os resultados alcançados. “Quando você registra, inevitavelmente reflete sobre o processo. Na sala de aula, nem sempre é possível olhar para a prática com o cuidado necessário”, afirma.
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Em um cenário no qual o professor precisa dividir sua atenção entre muitos estudantes e muitas vezes não é possível tomar notas diárias sobre todos, ela diz que é possível apostar em múltiplos formatos de registro, que incluem não apenas anotações em texto, mas também áudios, vídeos e fotografias. “Se você tem algum tipo de registro, mesmo que seja pessoal, você consegue mensurar muito melhor qual foi o desenvolvimento do estudante naquele período”, ressalta.
Entre as sugestões, os professores podem gravar áudios no seu celular com as principais reflexões sobre o dia ou até mesmo fotografar momentos da aula e organizar esses registros em uma apresentação de slides com comentários e informações relevantes sobre cada etapa. A consultora do Grupo Tellus também lembra que é possível envolver os alunos nesse processo, como no caso de uma educadora que criou um diário de bordo no WhatsApp. “A professora criou um grupo com um personagem chamado Inácio, e os estudantes assumiram o papel de guardiões do conhecimento da aula. Todos os dias alguém era responsável por contar para o Inácio o que tinha acontecido.”
A fotógrafa Mariana Pekin diz que é possível tirar boas fotos mesmo sem ter uma câmera profissional ou um equipamento de última geração. “Você tem que pensar na foto final antes. O que funciona bastante na hora de fotografar uma prática é pegar detalhes dos alunos, do que eles estão fazendo”, indica ela, ao citar que é importante pensar nas imagens como uma sequência capaz de contar uma história. “O professor já tem a aula pronta, ninguém melhor do que o professor para saber quais são os momentos mais importantes para serem registrados. Se é uma aula muito interessante, ele também pode pedir a ajuda de alguém dentro da escola.”
Entre algumas das dicas para fazer uma boa foto, ela diz que é importante o professor pensar na iluminação, na organização do ambiente e no foco das imagens. “O celular tem recursos que muita gente não sabe. Ao invés de abrir a câmera e já fotografar, você pode clicar no assunto principal da foto para estabelecer o foco”, sugere.
Outra dica apresentada pelo fotógrafo Rodrigo Zaim, do R.U.A Foto Coletivo, é evitar fotos frias que dizem pouca coisa sobre a ação que foi executada, como apenas um registro dos alunos sentados na sala de aula ou cartazes em uma parede. “Esse tipo de foto pouco interessa e acaba deixando as coisas sem graça. Uma solução para elas é esperar até que aconteça algum tipo de movimentação e interação nesses objetos instalados em murais, paredes, etc. Movimento é vida”, destaca.
Com o próprio celular também é possível usar ferramentas para editar as imagens e dar um tratamento básico para a foto. “A edição também ajuda a melhorar a imagem. Fica mais apresentável”, indica a fotógrafa Mariana Pekin. Entre os aplicativos, é possível usar o VSCO Cam, o Adobe Lightroom e até mesmo os próprios recursos nativos da câmera do iPhone ou Android.
Na hora de armazenar e enviar as fotos, também é importante pensar que programas específicos para uso de imagens, e nunca editores de texto. “Esses programas não são preparados para receber imagens, pois existe uma maneira correta de armazenar um arquivo Jpeg. Casos contrário, você estará comprimindo o arquivo de tal maneira que sua resolução se perde quase por completo. Não insiram fotos no Word”, alerta Rodrigo Zaim.
Com fotos, vídeos, áudio e uma série de informações em mãos, o que fazer para organizar todos os registros? Alguns aplicativos e ferramentas online podem ser úteis nesses momentos, como o Evernote, que ajuda organizar tarefas, ideias e até mesmo aulas, ou os pacotes G Suite, do Google, e Office 365, da Microsoft, que incluem uma série de ferramentas para o armazenamento de notas rápidas, apresentações, arquivos e fotos na nuvem.
Antes de compartilhar a prática pedagógica, a consultora Marília Magalhães diz que é importante lembrar que nem sempre as anotações pessoais do professor vão fazer sentido para outras pessoas. Por isso, é importante organizar os registros e narrar as etapas do projeto de maneira simples, de modo a inspirar outro educador a replicar ou adaptar a experiência na aula dele.
“Algo muito parecido com um projeto para entregar para supervisão de ensino, que segue a lógica de justificativa, objetivo e cronograma, não é interessante quando você está pensando em inspirar outro professor. Dá para fazer um registro que usa vídeo, áudio, fotos e uma diagramação diferente”, sugere Marília.
Um exemplo de como compartilhar práticas pedagógicas é a seção Diário de Inovações, do Porvir, que publica depoimentos em primeira pessoa e usa como base as perguntas de reflexão: O que você faz de inovador em sala de aula? (inovação); Por que a sua prática é considerada inovadora? (justificativa); O que te motivou a buscar essa inovação? (objetivo); Que diferença você observou na vida dos seus alunos depois que começou a desenvolver esse trabalho? (resultado).
*Esta reportagem foi publicada originalmente no site do Porvir
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