BNCC na prática: como garantir o direito de brincar na Educação Infantil
Esse direito pode fazer com que as crianças cresçam seguras e autoconfiantes em suas capacidades
15/07/2019
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Jornalismo
15/07/2019
O reconhecimento da Educação Infantil como uma etapa essencial para a construção da identidade e da subjetividade da criança na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um salto histórico. O documento, que está em fase de implementação, garante, dentre diversos pontos, seis direitos de aprendizagem: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se, que, juntos, asseguram as condições para que as crianças aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo.
Para colocar a criança no centro do processo, conhecendo suas maneiras de ser e estar no mundo, é preciso planejar o dia a dia na Educação Infantil tendo em mente os direitos de aprendizagem. NOVA ESCOLA traz uma série sobre cada um desses direitos com opiniões de especialistas e casos de professores e escolas que já trabalham para garantir, na prática, o cumprimento do que prevê a BNCC. Após falar sobre o direito de Conviver, é hora de explorar o Brincar.
Fernanda Flores, diretora da Escola da Vila, em São Paulo, avalia que, à medida em que as crianças crescem em um ambiente escolar no qual o brincar é fio condutor em diversos momentos, onde os profissionais educadores são brincantes, a infância ganha e as crianças crescem seguras e autoconfiantes em suas capacidades de relacionamento e aprendizagem.
Cabe, portanto, à equipe escolar conceber propostas que considerem os tempos, espaços e materiais necessários para que as crianças possam conviver umas com as outras, explorando seu entorno físico, natural e social. “Assim, por meio da exploração decorrente das várias propostas, elas podem se expressar nos mais diferentes contextos, linguagens e interlocutores e, ao mesmo tempo, se conhecerem e se reconhecerem em suas preferências e maneiras de estar no mundo”, pontua.
Na hora de pensar contextos significativos de aprendizagem é preciso, sobretudo, ter clareza do papel do professor e do lugar que a criança ocupa como centro do processo ensino-aprendizagem, segundo Shirlei de Paula Perez Tirone e Andreia Cristina de Oliveira, coordenadoras de Ensino de Educação Infantil da Secretaria de Educação de São José dos Campos, interior de São Paulo. Para elas, toda e qualquer ação desenvolvida no contexto escolar deve ser envolta de intencionalidade educativa, o que requer reflexão, preparo e planejamento.
As coordenadoras concordam que, ao pensar o papel dos direitos de aprendizagem, mais especificamente o de brincar, é necessário partir do princípio de que brincar é um verbo que denota uma ação que já nasce com a criança. “A criança adquire conhecimento de mundo a partir do ato de brincar, interagir e experimentar”, avalia Shirlei.
Fernanda Flores reforça que os educadores devem ter intencionalidade em seus planejamentos. Isso implica em refletir sobre o que se propõe e acompanhar as aprendizagens e o desenvolvimentos de seus alunos, o que alimenta o planejamento e garante mais conexão ao educador à sua turma.
Para ela, a promoção dos direitos de aprendizagem na prática cotidiana das escolas deve ser tema de estudos e debates desde a direção até os profissionais de apoio no contexto real de cada escola e creche.
A especialista, mestre em Educação, diz que a conversa e o pensar constante sobre a prática por meio de perguntas deve nortear os momentos de planejamento dos professores em geral.
Fernanda sugere perguntas como: Em minha prática, como tenho buscado garantir o brincar a minhas alunas e alunos? Quais brincadeiras vejo como as preferidas da minha turma, mas como posso expandir o repertório deles para que possam ampliar suas brincadeiras? Entendo como brincam de formas diferentes se participo das brincadeiras ou se monto ambientes e os observo a brincar, em que isso promove relações diferentes?
No CMEI Petrópolis, em Belo Horizonte, brincar é coisa séria. A escola municipal de Educação Infantil, que atende mais de 450 crianças de 1 a 5 anos, desenvolve projetos que colocam as brincadeiras no centro de vivências multiculturais. Com as menores (até 2 anos) o intuito é brincar explorando, principalmente, corpo, sons, cores e texturas. O aspecto da oralidade é o que norteia as vivências dos pequenos, segundo a coordenadora pedagógica Tânia das Graças Chaves.
Objetivos de aprendizagem trabalhados
Aprendizados
Já com as crianças maiores (de 3 a 5 anos), o CMEI Petrópolis desenvolve o projeto Mapa do Brincar, que acontece a partir de experimentações diversificadas. “O foco principal é o brincar, a vivência e experiências que a criança, muitas vezes, não tem em casa por não ter nem mesmo um quintal e o espaço da escola é a oportunidade para isso”, explica a coordenadora pedagógica.
O trabalho consiste em apresentar aos pequenos brincadeiras de outras culturas e reproduzi-las em sala. “Passamos um curta-metragem que mostrava crianças indígenas brincando com uma peteca que elas mesmas confeccionaram e, então, propomos aos nossos alunos fazer o mesmo”, conta. Além disso, o projeto resgata junto às famílias as brincadeiras de “antigamente”. “Pedimos a eles para perguntar aos pais ou responsáveis do que eles brincavam quando criança e eles trazem isso para a sala”, explica a coordenadora.
Objetivos de aprendizagem trabalhados
Aprendizados
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