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Jornalismo

Após 50 dias de incerteza, Inep confirma contrato com gráfica para imprimir Enem

Um eventual atraso ou mesmo a não realização da prova poderia ocasionar uma desorganização do calendário letivo na Educação Superior

PorLaís Semis

22/05/2019

Crédito: Shutterstock

Após perder a gráfica que diagramava e imprimia o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) desde 2009 e dois de seus presidentes (Marcus Vinicius Rodrigues e Elmer Coelho Vicenzi), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciou o contrato com uma nova gráfica: a Valid Soluções S/A. A assinatura foi feita na última terça-feira (21/05) pelo novo presidente do Inep, Alexandre Lopes.

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Para este contrato, não houve nova licitação. O Inep aproveitou a licitação passada, quando a Valid  Soluções S/A era a terceira colocada no processo. Apesar da Valid Soluções S/A ter sido levantada como uma possibilidade de substituição, ela não havia sido confirmada pelo Inep.  

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Desde o dia 1º de abril, quando foi anunciada a falência da gráfica RR Donnelley, o Inep não havia divulgado direcionamentos claros sobre os próximos passos para impressão do exame. A autarquia apenas havia informado que o cronograma para aplicação do exame nos dias 3 e 10 de novembro estava mantido e que existiam "alternativas seguras sendo avaliadas". No entanto, devido ao tempo de produção da prova – a impressão do Enem dura cerca de dois meses –, a falta de transparência da autarquia causou preocupação sobre as consequências de um possível atraso.

Para os especialistas, um eventual atraso ou mesmo a não realização da prova poderia ocasionar uma desorganização do calendário letivo na Educação Superior. Como diversas universidades usam o Enem como exame de ingresso, suas equipes de vestibulares já foram desativadas. “Para fazer um vestibular em novembro no serviço público, você precisa começar muito antes. Você não sai comprando um vestibular na loja da esquina”, diz Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional.

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Outro problema poderia ser uma diminuição das inscrições em universidades que usam o Enem como vestibular por questões financeiras e de logística. O Enem permite que o inscrito tenha um leque de universidades à disposição pagando uma única taxa de inscrição e sem necessidade de se deslocar pelo Brasil para realizar a prova. Sem isso, os gastos de inscrição e de deslocamento para realização da prova em locais fora da cidade natal do estudante crescem a cada inscrição em um novo vestibular – o que pode diminuir o leque de oportunidades para os estudantes de menor renda. “Com o Enem se gerou um mecanismo que favorece ter um maior número de ingressantes no Ensino Superior”, avalia Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede).

Com a assinatura do novo contrato, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reafirmou a manutenção do cronograma estabelecido para o exame. “A prova está sendo preparada e a gráfica, de segurança máxima, está garantida. Agora é hora de todos se prepararem para as provas com tranquilidade”, disse. As inscrições se encerraram no último dia  17 e tiveram 6,3 milhões de inscritos.

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