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Jornalismo

Lazer e aprendizado durante as férias

Proponha atividades leves para o período. Todos vão voltar descansados e cheios de histórias para contar

PorBeatriz Santomauro

01/07/2014

Férias para as crianças é época de inventar coisas, correr no parque, jogar conversa fora, esquecer os horários rígidos e brincar sem orientação. Ao pensar em sugestões de atividades para o período em que a turma estiver sem aulas, portanto, cabe ao professor respeitar os dias de ócio e ter em mente alguns pontos: elas não devem ser obrigatórias, ocupar muito do tempo nem ser levadas em conta para a avaliação.

"O docente por vezes é pressionado pelos pais e pelos gestores para não deixar as crianças sem estudar. Mas o excesso de tarefas descaracteriza o momento de descanso. É importante saber o limite", diz Christina D’Albertas, formadora de professores e mestranda em Psicologia da Aprendizagem pela Universidade de São Paulo (USP).

O desafio é escolher uma proposta atrativa à maior parte da turma e que tenha ligação com os saberes que precisam ser alcançados. Atividades que mantenham o vínculo com a aprendizagem, mas que envolvam o brincar, a vivência do local em que moram, que tenham foco na cultura, na produção de um objeto, no esporte e no contato com a natureza são bons caminhos.

Leia, a seguir, atividades sugeridas por um time de especialistas para diferentes anos e disciplinas. Faça uma boa apresentação delas para explicar os objetivos, tirar dúvidas e envolver a garotada.

  • Língua Portuguesa: diário escrito, e não compartilhado
Lazer e aprendizado. Ilustração: Orlandeli

A elaboração de um diário é boa pedida para todo o Ensino Fundamental: os alunos praticam a escrita ao produzir textos com prazer e sentido. Discuta referências diversas: registros de fatos, frases e reflexões. Aborde os procedimentos de elaboração de um texto desse tipo - como escrever ou não todos os dias - e a questão da privacidade. Esse gênero, lido só pelo próprio autor e não socializado, pode ser distante dos estudantes, que se acostumaram às redes sociais.

  • Arte: cartões-postais diferentes

Para que os alunos do 1º ao 9º ano troquem experiências de férias e produções artísticas, vale incentivar a criação de cartões-postais. É possível usar ingressos de cinema ou pedaços de embalagens e colá-los em uma cartolina, cortada no tamanho de um postal. Depois, completar o espaço em branco com pintura, carimbo, desenho e colagem. O conceito é o da arte postal. Apresente referências a todos e esclareça que, no verso do cartão, entram os dados do destinatário e um pequeno relato sobre a viagem ou passeio feito na cidade.

  • Matemática: objetos úteis para a casa
Lazer e aprendizado. Ilustração: Orlandeli

As crianças dos anos iniciais podem tirar medidas e elaborar um objeto para a casa. Cortina, toalha de mesa ou jogo americano feitos de plástico, TNT, tecido ou papéis de diferentes espessuras são opções. Como preparação, peça que elas façam juntas algo para a sala de aula, como um protetor para as prateleiras. Elas vão precisar medir com exatidão, caprichar nos registros e recortar no tamanho correto. Essa proposta traz um problema real a ser resolvido, e o resultado vai revelar se o produto correspondeu ao esperado.

  • Língua Estrangeira: uma sessão de cinema

Ótimo programa para os jovens fazerem juntos: assistir a filmes em inglês ou espanhol com legendas no mesmo idioma. Dessa forma, eles relacionam o que é lido com o que está sendo dito. Eleja com eles filmes ou seriados que gostariam de ver em DVD ou pelo YouTube e verifique o que é mais indicado para a faixa etária e o conteúdo da língua já estudado. A escolha de histórias conhecidas também facilita a compreensão. Na volta, além de tirar dúvidas, proponha discussões sobre o enredo e o que foi entendido. Elas podem ser riquíssimas.

  • Ciências: de olho nas estrelas
Lazer e aprendizado. Ilustração: Orlandeli

A ideia é fazer a turma do 5º e 6º anos observar o movimento de estrelas ou planetas. Oriente a escolha de uma janela de casa. Sobre o vidro, o aluno risca com caneta grossa um quadrado de 30 centímetros de lado e, dentro dele, um quadriculado de 2 centímetros. O desenho é reproduzido numa folha, com letras para as colunas e números para as linhas. Escolhida a estrela, ele faz o registro das coordenadas em que ela aparece (A2, B4 etc.) a cada meia hora. A razão da movimentação, a rotação da Terra, você discute na volta às aulas.

  • História: sempre há um outro lado

Sugira que a turma assista a filmes que mostrem a versão menos convencional de um fato. Para os anos finais do Fundamental, a animação brasileira Uma História de Amor e Fúria (Luiz Bolognesi, 75 min, Europa Filmes, tel. 11/3130-1555) é uma boa pedida. O longa-metragem mostra fatos importantes do país durante séculos - desde as batalhas entre tupinambás e tupiniquins, antes da chegada dos europeus, até uma suposta guerra pela água, em 2096. No retorno às aulas, debata como o enredo se diferencia do que foi aprendido na escola.

  • Educação Física: cada um inventa seu jogo
Lazer e aprendizado. Ilustração: Orlandeli

A garotada do 1º ao 5º ano pode escolher um jogo ou esporte trabalhado no primeiro semestre e, nas férias, inventar outro com base nele. O primeiro passo é pedir o registro, com desenhos ou textos, do funcionamento do jogo aprendido. Em seguida, os alunos inventam uma variação, tornando-o mais desafiador, e escrevem para compartilhar com os colegas na volta. Os mais velhos também elegem o jogo preferido, mas pensam nos momentos de ataque, de defesa e nas táticas mais eficientes, fazendo uma apresentação em PowerPoint.

  • Geografia: paisagens viram croquis

As fotos clicadas durante as férias podem render boas análises. Sugira que o aluno escolha uma imagem panorâmica, daquelas que abarcam uma série de elementos de um local. Em seguida, ele responde às seguintes perguntas: "O que é possível observar?", "Essa é uma paisagem urbana, rural ou industrial?" e "Quais elementos são mais marcantes nela?" Depois, desenha um croqui (ou esquema) do que está sendo visto, pintando cada elemento de uma cor. Na volta, todos vão compartilhar imagens com diferentes características.

  • Educação Infantil: os pequenos vão virar chefs
Lazer e aprendizado. Ilustração: Orlandeli

Apresente para a criançada a ideia de elaborar receitas de pratos gostosos em casa, como bolos, biscoitos, pães e saladas. A sugestão requer o envolvimento dos pais ou de outros adultos. Eles ficarão responsáveis pela supervisão e orientação, já que os pequenos vão precisar de ajuda em vários momentos, tanto para ler o texto instrucional quanto para reunir o material necessário e usar a faca ou o fogão. Lembre a todos de fotografar os pratos para depois contar a experiência para os colegas.


Consultoria Celina Fernandes, consultora educacional de Língua Estrangeira; Claudio Bazzoni, professor do Colégio Santa Cruz, em São Paulo, e da Universidade Padre Anchieta; Cleusa Capelossi, coordenadora pedagógica da Fundação Bradesco, em Osasco, SP; Cristian Annunciato, coordenador de produtos da Abramundo; Cristiane Vieira, coordenadora pedagógica da Escola Bakhita, em São Paulo; Fabio D’Ângelo, coordenador pedagógico do Instituto Esporte e Educação e professor das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU); Juliano Custódio Sobrinho, professor da Universidade Nove de Julho; Marisa Szpigel, professora da Escola da Vila, em São Paulo; e Rafael Straforini, docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

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