Compartilhe:

Jornalismo

Para a próxima aula: tragam seus celulares

Tendência na aprendizagem, o BYOD surgiu no mundo corporativo e vem ganhando a sala de aula ao usar recursos tecnológicos dos próprios alunos para atividades em sala

PorDébora Garofalo

19/02/2019

Crédito: GettyImages

Você já ouviu o termo BYOD? O BYOD é a sigla de Bring your Own Device (em tradução livre: traga seu próprio dispositivo), também conhecida como mobile learning (aprendizagem móvel) e é uma tendência que surgiu no mundo corporativo. Apesar de ter nascido longe da escola, ela está ganhando espaço na Educação ao propor que os alunos tragam para a sala de aula seus próprios dispositivos digitais.

LEIA MAIS Como levar a realidade virtual para suas aulas

É um novo olhar para a sala de aula: na falta de materiais da escola, possibilita ao professor trabalhar com equipamentos móveis que, muitas vezes o aluno, já o possui. Se utilizando de uma rede wireless, a proposta facilita a dinâmica da sala de aula, ao mesmo tempo que permite ao professor utilizar recursos disponíveis trazidos pelos alunos, mas adicionando um viés pedagógico.

Um dos principais impactos é viabilizar a adoção de tecnologia na rotina de estudos, sem a necessidade de fazer altos investimentos de compra, manutenção e atualização de hardwares. Outro ponto forte é a oportunidade de engajamento dos estudantes nas atividades propostas, dando um novo destino aos celulares e tablets dos discentes. A ação rompe com o paradigma dos docentes que utilizar esses equipamentos irá dispersar a aulas e os estudantes irão acessar conteúdos impróprios que podem (e devem) ser superados com mudança cultural.

LEIA MAIS Como fazer do pacote Office um aliado de suas aulas

Outro ponto positivo nesta abordagem é criar um espaço acolhedor dentro da sala de aula, sem ter a necessidade de deslocar os alunos para um laboratório de informática para realizar atividades que necessitem do suporte das ferramentas digitais. Muitas vezes, esse é um fator que desestimula o professor a utilizar tecnologias nas aulas – justamente pelo tempo de deslocamento e perda de parte da aula para gerenciar o espaço e equipamentos.

BYOD na prática

O BYOD possibilita que a aprendizagem ocorra em outros espaços além da sala de aula e sem ser em um espaço físico. Pode ser uma aula pública, um estudo de campo ou uma exploração de espaços dentro da própria escola com o apoio de ferramentas como imagem, vídeo e até mesmo uma viagem virtual para envolver os alunos em atividades de pertencimento.

É necessário compreender o uso da tecnologia não como ciência, mas como uma propulsora do ensino e aprendizagem. É preciso ter em mente que a ideia é que os alunos se apropriem de recursos que já estão em suas mãos para realizar atividades propostas.

Cuidados 

O BYOD é uma possibilidade de otimizar recursos educacionais. No entanto, é necessário tomar alguns cuidados, como ter objetivos claros para desenvolver as atividades e manter bom diálogo com os discentes (principalmente sobre os equipamentos e suas funcionalidades). Por exemplo, quando os equipamentos pertencem a unidade escolar é fácil conversar sobre os aspectos do coletivo. Mas quando os equipamentos são dos alunos, é necessário trabalhar a colaboração para que o individualismo não sobressaia sobre as atividades.

Outro ponto interessante é envolver a comunidade escolar, pensando colaborativamente sobre a adoção do BYOD na unidade escolar. Um caminho é constituir um fórum para pensar ações conjuntas, conhecendo a fundo o perfil da comunidade interna da escola e constituir um política de uso com a sensibilidade da unidade escolar, além de envolver o colegiado para pensar em adquirir conectividade.

No Brasil, já temos algumas iniciativas como o Minha vida Mobile, um projeto cultural e educativo desenvolvido pela Vivo que conecta escolas e fomenta intercâmbios.

Outra possibilidade é colocar os alunos na situação de produtores de tecnologias e desenvolver aplicativos. Uma ferramenta que pode ser utilizada é a fábrica de aplicativos, em que os alunos podem desenvolver uma aprendizagem interativa e criar games, e-books e materiais interativos, usando como limite a imaginação.

E você, querido professor, já teve alguma experiência com BYOD? Se sim, como foi sua experiência? Conte aqui nos comentários e ajude a fomentar práticas docentes!

Um abraço,

Débora Garofalo
Professora da rede Municipal de Ensino de São Paulo, formada em Letras e Pedagogia, mestranda em Educação pela PUC-SP, colunista de Tecnologia para o site da NOVA ESCOLA, Vencedora na temática Especial Inovação na Educação no Prêmio Professores do Brasil e Top 50 no Prêmio Global Teacher Prize, considerado o Nobel da Educação.

continuar lendo

Veja mais sobre

Últimas notícias