Convidados especiais
Colocando os alunos em contato com pessoas públicas que têm algo de interessante para transmitir, é possível deixar conteúdos curriculares muito mais saborosos para a turma
11/05/2006
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Jornalismo
11/05/2006
O diretor de cinema Carlos Saldanha não é muito conhecido do grande público. Mas quando se conta para uma turma de 3ª série que esse carioca de 35 anos é um dos diretores da animação A Era do Gelo (EUA, 2002), a criançada se enche de curiosidade. Um brasileiro? Por trás de um filme tão famoso? Como assim?
Questões como essas surgiram em Itu, no interior de São Paulo, quando os alunos da professora Juliana Bernardes, do Colégio Almeida Júnior, da rede particular, faziam uma costumeira leitura de jornal em sala de aula e tiveram contato com a notícia.
Ao perceber o interesse, Juliana começou a dar corpo a um projeto, mais tarde batizado de "A era galcial e o varvito de Itu", que terminou com um bate-papo ao vivo, pela internet, entre os alunos e Saldanha.
"Vi nesse projeto a chance de integrar Língua Portuguesa, Ciências, História e Geografia", diz Juliana. A região de Itu é rica em pedreiras de varvito, um tipo de rocha sedimentar formada nos períodos de glaciação da Terra. Era só "ligar os pontos" e relacionar as informações do filme com o estudo da geologia da região. "E quando o Saldanha aceitou um convite para fazer contato com os alunos, pude finalizar o projeto com esse toque cinematográfico", conta a professora.
A participação do diretor - por videoconferência na internet - foi um barato. "Sempre gostei muito de desenhar; cheguei até aqui estudando bastante", contou ele às crianças, brincando com bichinhos de pelúcia do filme e mostrando os desenhos feitos por ele. Do lado de cá, a platéia empolgada era toda sorrisos e acenos. Saldanha explicou que, para a construção de um filme como esse, foi preciso uma equipe de 300 profissionais trabalhando por três anos no roteiro e na animação gráfica dos desenhos. A criançada ficou embasbacada quando ele mencionou a quantidade de tarefas envolvidas em apenas um segundo de filme.
Para ficar por dentro do período glacial, a equipe de produção do filme montou um posto avançado no Museu Americano de História Natural de Nova York, um dos poucos lugares do mundo onde são guardados artefatos da era do gelo. Os técnicos e artistas passaram horas olhando para ossos de mamutes, estudaram centenas de livros e consultaram inúmeros paleontólogos e arqueólogos. "Foi superlegal a gente se comunicar assim pela Internet e ao vivo com o Carlos. Com A Era do Gelo refleti que todos têm seus medos, suas coragens e fomes", filosofa Rafael Dias de Moraes, 9 anos.
Jovem Guarda
No trabalho sobre o período da Jovem Guarda que realizou com sua turma de 3ª série, a professora Cláudia Catarina Pedroso Rongetta, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Teófilo Benedito Ottoni, de São Paulo, até se vestiu de Lílian (da dupla Leno e Lilian) para a festa Jovem Guarda Kids do Teófilo, que marcou o final do projeto.
Tudo começou quando uma de suas alunas fez comentários sobre o livro E não é que era amor?, do escritor Roberto Wallace Albuquerque (Editora Paulinas) . "O interesse pelo livro foi crescendo entre as crianças e depois que eu li achei que poderia trabalhar muitos conteúdos com a vantagem de seguir o impulso que nasceu na própria turma", diz.
O romance de Wallace narra uma intensa paixão entre dois adolescentes que acabam se separando e se reencontrando anos depois. Pegando carona no clima do romance, que fala dos anos 60, da Jovem Guarda, dos Beatles e do centro velho de São Paulo, a professora levou a classe para um passeio pelas ruas da região, incentivou os pais a participar e começou a planejar o evento. A escola inteira entrou literalmente na dança. O diretor se vestiu de Erasmo Carlos e outros clones assumiram os papéis de Wanderléia e Roberto Carlos. Para fazer o par com Cláudia, Robeto Albuquerque, convidado de honra da festa, não mediu esforços para se caracterizar Leno.
Além de mostrar aos convidados as músicas do período, Cláudia organizou oficinas como a de confecção de chapéus dos anos 60, oferecida por mães de alunos. "É importante ressaltar que esse dia teve um sabor especial por ter sido a última etapa de um estudo que levou meses. Ao longo do projeto, fazíamos a leitura do livro duas vezes por semana, reescrevemos a história, encadernamos e o escritor autografou nossa produção coletiva", conta a professora.
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