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Jornalismo

Ciências naturais - Ler e escrever, muito prazer

PorNOVA ESCOLA

31/08/2000

Ciências naturais

Geleiras para beber

Como são formados os icebergs? Seria viável transportá-los para um país com problemas de falta d?água?

José Batista Souza
São Paulo

O iceberg se forma quando grandes blocos de neve se quebram e se desprendem das geleiras. A ruptura ocorre pela ação do próprio peso dos blocos (veja o infográfico acima). As geleiras, por sua vez, são feitas de neve que se acumula sobre camadas formadas na era Glacial, há mais de 1 milhão de anos. A água que forma esses blocos é doce, pois a água do mar, quando congela, fica pouco tempo no estado sólido.

O acúmulo de neve sobre antigas formações aumenta o tamanho das geleiras e desequilibra o peso de grandes blocos, que começam a se partir. As rachaduras surgem e acentuam-se conforme o peso aumenta (detalhe). Ilustrações Rogério Maroja
O acúmulo de neve sobre antigas formações 
aumenta o tamanho das geleiras e 
desequilibra o peso de grandes blocos, que 
começam a se partir. As rachaduras surgem 
e acentuam-se conforme o peso aumenta 
(detalhe). Ilustrações Rogério Maroja
Quando se torna muito pesado, o bloco se desprende da geleira e fica flutuando na água do mar. Todos os anos, formam-se milhares desses grandes blocos na periferia do continente antártico, que possui 90% de todo o gelo do planeta
Quando se torna muito pesado, o bloco se 
desprende da geleira e fica flutuando na água
do mar. Todos os anos, formam-se milhares 
desses grandes blocos na periferia do 
continente antártico, que possui 90% de todo
o gelo do planeta


O Ártico (pólo Norte) é um mar com uma capa gelada de 2 a 4 metros de espessura, ou seja, não há solo abaixo do gelo, enquanto a Antártida (pólo Sul) é um continente maior que o Brasil e com uma cobertura de até 5000 metros de gelo, onde se concentra mais de 95% da água doce do planeta.Partindo desse percentual é correto imaginar que seria possível usar os icebergs para solucionar a falta de água doce. Os da Antártida seriam mais adequados ao transporte, pois têm formas tabulares e são muito maiores. Já foram encontrados alguns do tamanho do Estado do Espírito Santo. No entanto, o transporte desses grandes blocos seria extremamente caro e exigiria um planejamento e uma estrutura enorme para rebocá-los através dos mares bravios da região Sul sem que eles se partissem durante o trajeto. Não se tem notícia de que algum país tenha empreendido tal esforço até hoje.

Foto: André Valentim
Foto: André Valentim
Resposta de Marcos Engelstein, mestre em Biologia 
pela Universidade de São Paulo e professor 
do Colégio Santa Cruz, de São Paulo

Ler e escrever, muito prazer

Cuidado com o uso do plural

O Último Ano do Resto de Nossas Vidas é o título de um filme de Joel Schumacher exibido em 1985. "Eu preciso aceitar que não dá mais pra separar as nossas vidas" é o trecho de uma música popularizada pela dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó. "Salve o Corinthians/O campeão dos campeões/Eternamente/Dentro dos nossos corações" é a introdução do hino do Corinthians. Já uma reportagem de um jornal de São Paulo dizia: "Ainda não se sabe quem atirou nos rapazes, nem o motivo de suas mortes". De tanto ver e ouvir citações desse tipo, tendemos a ignorar um erro comum a todas elas, ou nem atentar para ele ? o plural inadequado. A única explicação para esses equívocos, por mais apressada e simplista que possa parecer, com certeza está no próprio medo de errar.

Não é porque se fala ou se escreve sobre mais de uma pessoa que se pode colocar no plural partes do corpo ou atributos que são únicos em cada indivíduo ? só temos um coração, uma cabeça, uma vida, uma consciência. Nos primeiros três exemplos citados, o uso do pronome possessivo no singular (nosso) se encarregaria de eliminar qualquer ambigüidade que pudesse surgir. É claro que no caso do hino do Corinthians poderia haver alguma confusão, pois corações está rimando com campeões. No último exemplo, porém, uma pequena alteração na frase se faz necessária para deixá-la correta: "...nem o motivo da morte deles". Afinal de contas, só se morre uma vez.

Foto: André Valentim
Foto: André Valentim
Ronaldo Barbosa é jornalista e coordena 
os programas de Língua Portuguesa 
da Direção Editorial da Editora Abril

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