Scrapbook dá sentido às aulas de inglês
Apresente temas interessantes para a turma desenvolver combinando textos e imagens
31/07/2014
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Jornalismo
31/07/2014
Cuidar do visual da capa e escrever um texto sobre si mesmo foi a primeira tarefa
Fazer a moçada articular o vocabulário explorado nas aulas de inglês aos conteúdos gramaticais - e assim se apropriar do idioma estudado - por vezes traz dificuldades para o professor. O problema pode ser devido ao fato de o planejamento se basear no trabalho desses tópicos separadamente. Investir em boas e frequentes propostas de produção de texto, valorizando a escrita de autoria, é uma das melhores soluções.
Antes de a turma começar a produzir, é preciso escolher bem o que será dado como tarefa, que precisa ter um propósito social. Escrever para quem? Com que finalidade? Também é importante considerar se o pedido vai fazer sentido para a classe. Será desafiante? Mais dois cuidados: levar para a sala de aula diversos materiais de apoio - textos literários e anúncios publicitários, por exemplo - e investir na frequência do trabalho. Escrever de vez em quando não impacta a aprendizagem de modo significativo.
Pensando em tudo isso, Lauren Fernandes, professora do Colégio Oswald de Andrade, na capital paulista, planejou uma atividade permanente que se estendeu por todo o ano letivo: individualmente, os alunos elaboraram scrapbooks. Esse é o termo em inglês para definir cadernos decorados com recortes e outros materiais. Originalmente, eles eram suportes de memórias. Há tempos, o conceito deu origem à técnica do scrapbooking, que consiste em personalizar álbuns, agendas, convites, cadernos e diários usando fotos, papéis coloridos, carimbos, fitas, adesivos, selos, recortes de revista e muitos outros materiais que possam ser colados no papel.
Além de serem exibidas na mostra cultural para a comunidade escolar realizada no fim do ano, as produções serviriam de recordações do momento adolescente da vida para os autores. Com a atividade permanente, os jovens refletiram sobre o idioma estudado enquanto escreviam diversos tipos de texto. Ao mesmo tempo, pensaram em como se expressar visualmente, combinando textos e imagens. "Meu objetivo principal era fazê-los escrever em inglês, usar o idioma verdadeiramente", explica a professora.
Para Eliane Augusto-Navarro, docente da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e coordenadora pedagógica do programa Inglês Sem Fronteiras, do Ministério da Educação (MEC), a ideia é boa porque conduz a classe a usar o vocabulário que sabe e buscar novas palavras para comunicar o que quer. "Com isso, todos enxergam o uso real do que é ensinado nas aulas."
Para apresentar o tema aos estudantes, Lauren trabalhou com um texto informativo disponível na internet. Todos foram orientados a lê-lo e apresentar as dúvidas de vocabulário que tinham. Depois, a educadora falou sobre a atividade. Ela também entregou para cada um uma encadernação simples feita com folhas coloridas, os scrapbooks.
A primeira instrução dada foi a de que os jovens deveriam escrever só em inglês e, se quisessem usar materiais escritos, que também fossem no idioma. Outros itens acordados: a tarefa era obrigatória, os temas a desenvolver seriam decididos por Lauren (com isso, ela pôde garantir os conteúdos que os alunos teriam de colocar em jogo) e os textos seriam revisados antes do registro nos scrapbooks para eliminar erros e garantir coerência e coesão. Por fim, ficou clara a necessidade de caprichar no visual. A docente conta que os meninos relutaram um pouco. "Tem a ver com a idade e com o fato de trabalho manual ser considerado culturalmente algo feminino. Mas cuidei da seleção de temas para contemplar todos. Objetos de apreço, por exemplo, são temas que garotos e garotas gostam de apresentar aos outros", diz a educadora.
Para iniciar a atividade, Lauren orientou a turma a decorar a capa do scrapbook e escrever sobre o tema "A Little Bit About Me" - cada um tinha de fazer uma produção a respeito de si. Esse é um bom material para diagnosticar o que os alunos sabem, o vocabulário que detêm e os erros mais frequentes. As produções analisadas se transformam num instrumento útil para definir atividades de revisão, por exemplo. "O scrapbook é uma ferramenta para avaliar de modo não formal o que os estudantes aprenderam e as fragilidades que ainda têm, diferentemente de uma prova. Com ele, o professor tem como averiguar como a garotada lida com o arranjo de diferentes tempos verbais em um só texto, por exemplo", explica Isadora Gregolin, coordenadora da área de Letras do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) da Ufscar.
Ao longo do ano, Lauren usou os scrapbooks para trabalhar com alguns conteúdos ensinados. Ela pediu, por exemplo, que a turma buscasse formas visuais para apresentar o oximoro (figura que combina palavras de sentido oposto que parecem se excluir mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão), discutido na leitura de textos literários. Outros temas propostos: "Describing Objects", "The World Around Me", "A Little Bit About My Friend..." e "Friendship Is?".
No fim do ano, o objetivo de escrever frequentemente, num suporte ainda não muito explorado nas escolas que privilegia a escrita autoral, foi atingido. "O ganho de vocabulário e gramatical ficou evidente", conta Lauren.
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