Raio-x: Guiné Equatorial
Conheça a política, a economia e a cultura do país africano que foi tema do polêmico samba-enredo da Beija-Flor, a campeã do carnaval carioca
02/11/2016
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Jornalismo
02/11/2016
Economia
A economia da Guiné Equatorial se baseia eminentemente na indústria de petróleo e gás, que responde por quase 95% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas do país, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo a Agência de Energia dos Estados Unidos (EIA, na sigla em inglês), o país é o 5º maior produtor de petróleo da África, atrás apenas de Nigéria, Angola, Sudão (incluindo Sudão do Sul) e Congo. Uma das empresas que explora petróleo na Guiné Equatorial é a estatal brasileira Petrobrás. A área de óleo e gás é a que mais interessa as empresas brasileiras, mas há também companhias nacionais que atuam no país na área de infraestrutura também têm negócios no país. Em 2013, a presidente Dilma Rousseff anistiou uma dívida de 27 milhões de reais que a Guiné tinha com o Brasil. A medida é vista por analistas como uma estratégia para expandir sua influência no país.
História
O país tem raízes históricas ibéricas. O navegante Fernando Pó descobriu o território em 1474 e até 1778 a região pertenceu à coroa portuguesa. Nesse ano, Carlos III da Espanha firmou um protocolo com Maria I de Portugal para trocar a Guiné por territórios brasileiros. Em 1969, a Guiné conseguiu a independência da Espanha sob o controle de Macías Nguema; dez anos depois, Teodoro Obiang Nguema assumiu o controle do país, que mantém até hoje.
Os Fang são a sub-etnia dominante, respondendo por mais da metade da população e controlando a política local. Grupos étnicos que habitam a região costeira, como os Kombe, os Mabea, os Lengi e os Benga, são os que tradicionalmente guardam contato com os europeus, devido às relações comerciais. Os Bubi, habitantes originais da região de Bioko, foram duramente perseguidos e mortos pelo governo de Macías Nguema e até hoje são acusados de sofrer discriminação. Todos esses grupos são parte da etnia Bantu, a mesma que veio ao Brasil durante o período do tráfico negreiro.
Religião
A principal é o cristianismo (93%), dos quais 87% são católicos. A religião é herança da colonização espanhola. Cerca de 5% da população segue crenças locais. A participação de muçulmanos, menor que 1%, vem crescendo devido ao número crescente de imigrantes da África Ocidental e do Oriente Médio.
Língua
Cerca de 90% da população fala espanhol. O francês também é idioma oficial, assim como o português, desde 2011, e dialetos dos grupos étnicos também são falados por uma parcela da população. Na prática, no entanto, a língua portuguesa não é falada pelas pessoas nem utilizada pela administração oficial. Sua inclusão foi um pré-requisito para o país pleitear a adesão à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) como membro com plenos direitos, em 2014. Desde 2006, já fazia parte da entidade como observador. Portugal rejeitava a adesão do país, exigindo que o português fosse uma língua de uso corrente — não apenas em decreto— e que se eliminasse a pena de morte, mas foi vencido pelos votos favoráveis de Brasil, Timor Leste, São Tomé e Príncipe e Angola. Obiang firmou acordos com Portugal para a formação de professores e de funcionários na Língua Portuguesa e se comprometeu a congelar a pena de morte. Embora a CPLP trate de temas culturais e sociais, com poucos efeitos práticos, a Guiné Equatorial busca uma presença maior na comunidade internacional, para assim ir mudando sua imagem de regime ditatorial. O país é membro também da Organização de Países Ibero-americanos.
Cultura
O futebol é um dos esportes mais populares no país. Em 2015, o país sediou, ao lado do Gabão, a Copa Africana das Nações. Em 2008, sediou a modalidade feminina do evento e sagrou-se campeão. A culinária local teve grande influência da cultura ibérica, da qual herdou a predileção por peixes e frutos do mar. Ingredientes utilizados em países vizinhos, como amendoim e semente de abóbora, também são comuns nos pratos do país.
Bibliografia
A África e suas Representações no(s) Livro(s) Escolar(es) de Geografia no Brasil
Petróleo, Desenvolvimento e Dinâmicas Espaciais na África Subsaariana, de Frédéric Monié, no livro Geografia e Geopolítica do Petróleo, de Fréderic Monié e Jacob Binsztok (orgs), 368 págs, Editora Mauad, tel. (21) 3479-7422, 58,80 reais
Dialogando Geografia Acadêmica e Escolar: o Caso do Continente Africano. Geotextos (Online), v. 02, p. 165-182, 2012
Fonte: Rosemberg Ferracini, professor associado dos Centros Estudos Africanos da Universidade de São Paulo (CEA/USP).
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