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Jornalismo

Como apresentar figuras tridimensionais aos pequenos

Desafios práticos que exijam ação e reflexão são o caminho certo para que os alunos aprendam as propriedades e os nomes das figuras

PorRodrigo Ratier

01/03/2009

Ilustração: Cusco
Ilustração: Cusco

Caixas retangulares, embalagens cilíndricas, objetos tridimensionais variados: sólidos geométricos estão presentes desde cedo na vida das crianças. Apesar disso, é um engano supor que elas vão adquirir conhecimento sobre eles apenas no dia-a-dia. Para desenvolver a habilidade de caracterizar e descrever as propriedades de cada uma dessas representações, é preciso apostar em um trabalho intencional, baseado em desafios práticos que levem a turma a agir (observando, construindo e descrevendo) e a refletir (antecipando e interpretando) sobre figuras e formas. É assim que se aprendem os conteúdos de Espaço e Forma desde a creche.

 

Na pré-escola, espera-se é que os pequenos compreendam as propriedades dos sólidos, testando seus limites e descobrindo o que podem fazer com cada um deles. Experimente, por exemplo, sugerir à turma que construa a torre mais alta possível com uma quantidade determinada de caixas de diferentes formatos (leia a sequência didática). Passada a ação, leve todos a refletir: quais são as embalagens que dão melhor sustentação? Como devem ser empilhadas: de pé ou deitadas? Por quê?

Nomear figuras, sim. Mas só para ajudar na comunicação 

É a hora de fazer os pequenos avançarem, aproveitando um diferencial da faixa etária: a partir dos 4 anos, eles já começam a utilizar a linguagem, tanto a gráfica como a verbal, para aprimorar suas ações. Assim, um objeto a que eles antes se refeririam como "coisinha amarela" pode ganhar nomes mais específicos, com a utilização de um vocabulário mais específico: "bloco amarelo" ou, ainda, "caixa retangular amarela". Perceba que saber o nome correto dos sólidos é importante, mas apenas quando há uma necessidade concreta. Para resolver o problema da construção da torre, pode ser importante para uma criança pedir ao colega que pegue a caixa retangular em vez do cubo. Nesse caso, o tipo de pista exige a construção de uma nomenclatura específica para que possa ser mais bem compreendida.

"A nomeação da forma geométrica deve ocorrer quando ela ajudar a superar uma ineficiência da comunicação", explica Priscila Monteiro, coordenadora da formação em Matemática da prefeitura de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, e formadora do projeto Matemática É D+, da Fundação Victor Civita. Note que essa é uma postura bem diferente da adotada pelo ensino tradicional, que começa a abordar Espaço e Forma justamente pelo nome das figuras - e muitas vezes acaba se restringindo apenas a isso. "Já ouvi muitos professores dizerem que suas classes de pré-escola conheciam o vocabulário específico da geometria, mas que isso não ajudava a resolver problemas. Quando a nomenclatura é uma mera questão de memorização, as crianças não encontram sentido para esse conhecimento", completa Priscila. Desafiando a turma a agir e incentivando-a a explicar o que fez, é possível ir além. 

Quer saber mais?

CONTATO
Priscila Monteiro

BIBLIOGRAFIA
Ensinar Matemática na Educação Infantil e nas Séries Iniciais, Mabel Panizza e colaboradores, 188 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 47 reais

INTERNET 
Documento Diseño Curricular para la Educación Inicial - Niños de 4 y 5 Anos, da Secretaria de Educação de Buenos Aires (em espanhol)  

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