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Jornalismo

Ciência de comer

Fazer gelatina junto com a classe ajuda a explicar as transformações dos estados físicos da matéria e estimula a investigação na pré-escola

PorCarolina Costa

06/03/2018

DO SÓLIDO... A turma da EM Professor Luiz Cavallon mistura água ao pó da gelatina e vê a dissolução na prática. Fotos: Alexis Prapas
DO SÓLIDO...   A turma da EM Professor Luiz Cavallon mistura água ao pó da gelatina e vê a dissolução na prática. Fotos: Alexis Prapas

Crianças de 4 a 6 anos sabem que a água "endurece" quando colocada na geladeira e que o gelo "amolece" se ficar sob o sol. Mas é possível atiçar a curiosidade e fazer da transformação dos estados físicos um objeto de investigação. Discutindo os conhecimentos de sua turma de pré-escola, a professora Nídia Aparecida de Moura Boeira, da EM Professor Luiz Cavallon, em Campo Grande, identificou duas perguntas principais. O que é a fumacinha que sai da água quente? O que causa a passagem de um estado para o outro? Tendo essas interrogações em mente, Nídia pesquisou a melhor forma de abordar o assunto. "Optei por fazer gelatina. É uma atividade divertida, participativa e relativamente rápida, já que a sobremesa fica pronta em meia hora", explica. A possibilidade de mostrar várias mudanças de estado físico também contou. As crianças ficam frente a frente com o vapor (da água quente), o sólido (do pó da gelatina) e o líquido (a água fria). Experiências com alimentos são excelentes oportunidades para mostrar as mudanças ocasionadas pelo calor, recomenda o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. "É justamente o papel da temperatura na transformação da matéria que o professor deve enfatizar. As mudanças de estado os pequenos percebem sozinhos", observa Luciana Hubner, selecionadora do Prêmio

...AO SÓLIDO - Na geladeira, a sobremesa endurece. Os pequenos entendem a ação da temperatura
...AO SÓLIDO  Na geladeira, a sobremesa endurece. Os pequenos entendem a ação da temperatura

Victor Civita Educador Nota 10. Por isso, nas atividades propostas por Nídia (conheça a seguir uma seqüência didática inspirada em sua experiência), o termômetro está sempre à mão para reforçar esse conceito. A incursão culinária com as crianças exige cuidados. "Fiquei vários dias estudando como ferver a água sem ter de usar o fogão, que considerei perigoso", conta. Neta de gaúchos, ela se lembrou dos aquecedores portáteis que esquentam a água para o chimarrão. Uma peça de metal condutora de calor fica em ontato com o líquido, e a outra extremidade se conecta à tomada. Graças a essa precaução com a segurança, cada criança sentiu nas mãos o vapor que subia da chaleira.

Gel animal

Sem perder de vista o conteúdo central, é possível enriquecer a vivência com detalhes sobre o produto. Vale contar que o pó da gelatina vem de vacas e porcos: ele é extraído de uma fibra elástica chamada colágeno, presente em ossos e tendões de vários animais, incluindo o homem. Também é bom saber que, apesar da consistência sólida, a gelatina tecnicamente é um gel. Na mistura dos ingredientes, a água separa as cadeias de aminoácidos que antes estavam unidas na forma de pó. Como provavelmente a curiosidade dos pequenos não vai chegar a tal ponto, não será necessário mencionar esse detalhe. O que eles não vão deixar passar batido é a etapa da degustação. Na classe de Nídia, virou uma festa só. "Foi bom ter feito copos extras, porque várias crianças pediram para repetir", diverte-se ela.

Quer saber mais?

CONTATOS
EM Professor Luiz Cavallon
,  R. Ana Luiza de Souza, s/nº, 79070-140, Campo Grande, MS, tel. (67) 3387-6419

Nídia Aparecida de Moura Boeira

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