Chão de giz
Variações da amarelinha desenvolvem a capacidade de saltar, o equilíbrio e a consciência corporal na pré-escola
01/05/2008
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Jornalismo
01/05/2008
Os ingredientes são conhecidos: uma pedrinha, um pedaço de chão e outro de giz para riscar o traçado do jogo. O objetivo também: sair pulando pelas figuras geométricas até completar o desenho proposto. As variações, porém, são quase infinitas: "De norte a sul do Brasil, há uma grande diversidade de tipos de amarelinha", escreve Renata Meirelles, pesquisadora de brinquedos e brincadeiras, em seu livro Giramundo. Divertidas, todas as modalidades são. E, por serem jogos de regras, incentivam a aprendizagem social - ao pularem amarelinha, as crianças aprendem a competir, a colaborar e a combinar o que pode e o que não pode naquele momento.
A vantagem de algumas dessas variações é que elas podem ser usadas para desenvolver a capacidade de saltar e girar, o equilíbrio e a consciência corporal. Um tipo bem popular no norte de Minas Gerais, a amarelinha do caco, é especialmente rico para estimular a motricidade em crianças da pré-escola (veja plano de trabalho). Diferentemente da amarelinha tradicional, na versão do caco se chuta a pedra pulando em um pé só e seguindo o trajeto predeterminado. "É difícil. A criançada erra bastante até pegar o jeito. Mas na nossa escola a brincadeira faz tanto sucesso que os pequenos costumam treinar em casa", afirma Ednéia Cristina Lopes Moreira, professora de Educação Infantil do Centro Comunitário Dom Bosco, em Minas Novas, a 520 quilômetros de Belo Horizonte. Na turma de Ednéia, o jogo é organizado da forma mais tradicional: em vez de recorrer ao giz para desenhar no chão, usa-se um pedaço de telha ou cerâmica - o caco que dá nome à modalidade. Após riscar o percurso, o caco já ficou mais arredondado, evitando que os pequenos machuquem os pés. De qualquer forma, se a criançada não estiver acostumada a essa amarelinha, é recomendável que todos usem tênis na hora de brincar.
A pesquisadora Renata Meirelles recomenda que o professor não proponha essa atividade no momento da diversão livre das crianças, quando elas devem ter a oportunidade de interagir sem a interferência dos adultos. Renata observa que alguns talvez se motivem mais do que outros. É importante respeitar esse interesse individual sem impor que todos joguem juntos. "Não tem de entuchar a brincadeira como se fosse um remédio. Não se dá uma cápsula de jogo", explica.
Já a consultora em Educação Infantil Adriana Klisys sugere que, se a atividade estiver muito difícil, vale também mudar as regras. O jogador pode, por exemplo, ter direito a um erro antes de passar a vez ao colega. "Nessa fase dos 4 aos 6 anos, as crianças estão numa fase em que querem aprender a brincadeira, mas podem ainda não ter as habilidades necessárias. Variar o nível de desafio, assim, é interessante para que elas se sintam envolvidas e queiram se superar", sugere Adriana, lembrando ainda que as alterações de regra devem ser feitas de comum acordo entre todos os envolvidos.
Mesmo com tanto cuidado, é bom se preparar para o chororô de quem estiver perdendo. A professora Ednéia já até decorou o protesto mais comum: "Ah, que chatura, só ele consegue!". O desabafo, que Ednéia deixa vir à tona naturalmente, é fichinha perto dos tempos em que ela própria brincava de amarelinha do caco. "Quando eu era pequena, tinha até reza para o colega errar", diverte-se.
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CONTATOS
Adriana Klisys
Centro Comunitário Dom Bosco, R. Resplendor, s/nº, 39650-000, Minas Novas, MG, tel. (33) 3764-2449
Renata Meirelles
BIBLIOGRAFIA
Giramundo, Renata Meirelles, 212 págs., Ed. Terceiro Nome, tel. (11) 3816-0333, 63 reais
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