Três contos para incentivar a criatividade
Estórias de Flavia Muniz, Dalton Trevisan e Ricardo Azevedo exercitam a curiosidade intelectual e a capacidade para criar novas narrativas
19/09/2018
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Jornalismo
19/09/2018
Todos nascem com a capacidade de imaginar situações originais ou de criar soluções para problemas concretos. E já foi provado que a criatividade é uma das melhores ferramentas de aprendizado. Tanto que a criatividade é também parte das competências socioemocionais, propostas na nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
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Segundo a BNCC, é necessário “exercitar curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas”.
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E nada melhor do que três contos de autores brasileiros para ajudar neste aprendizado. A NOVA ESCOLA selecionou três contos que tratam da imaginação científica e da criatividade e abrem espaço para os alunos criarem suas próprias narrativas. Confira abaixo as estórias de Ricardo Azevedo, Dalton Trevisan e Flavia Muniz. Boa leitura!
O conto de Ricardo Azevedo usa a imaginação científica e criativa de uma criança.
“Se eu fosse esqueleto não ia poder tomar água nem suco porque ia vazar tudo e molhar a casa inteira.
Tirando isso, ia acordar e pular da cama feliz como um passarinho.
É que ser uma caveira de verdade deve ser muito divertido.
Por exemplo. Faz de conta que um banco está sendo assaltado. Aqueles bandidões nojentões, mauzões, armados até os dentões, berrando:
- Na moral! Cadê a grana?
Se eu fosse esqueleto, entrava no banco e gritava: bu!”
Dalton Trevisan conta como dois velhinhos imaginam a vida a partir de um quarto de asilo.
“Dois inválidos, bem velhinhos, esquecidos numa cela de asilo.
Ao lado da janela, retorcendo os aleijões e esticando a cabeça, apenas um consegue espiar lá fora.
Junto à porta, no fundo da cama, para o outro é a parede úmida, o crucifixo negro, as moscas no fio de luz. Com inveja, pergunta o que acontece. Deslumbrado, anuncia o primeiro:
- Um cachorro ergue a perninha no poste.”
O conto de Flavia Muniz trata da imaginação infantil com uma história de suspense.
“Tudo começou quando nos mudamos para aquela casa. Era um antigo sobrado, com uma grande varanda envidraçada e um jardim. Eu me sentia tão feliz em morar num lugar espaçoso como aquele, que nem dei atenção aos comentários dos vizinhos, com quem fui fazendo amizade. Eles diziam que a casa era mal-assombrada. Alguns afirmavam ouvir alguém cantando por lá às sextas-feiras.
- Deve ser coisa de fantasma! - falavam.
- Se existe, nunca vi! - E então contava a eles que as casas antigas, como aquela, com revestimentos e assoalho de madeira, estalam por causa das mudanças de temperatura. Isso é um fenômeno natural, conforme meu pai havia me explicado. Mas meus amigos não se convenciam facilmente. Apostavam que mais dia menos dia eu levaria o maior susto.
Certa noite, três anos atrás, aconteceu algo impressionante. Meus pais haviam saído e eu fiquei em casa com minha irmã, Beth. Depois do jantar, fui para o quarto montar um quebra-cabeça de 500 peças, desses bem difíceis. Faltava um quarto para a meia-noite. Eu andava à procura de uma peça para terminar a metade do cenário quando senti um ar gelado bem perto de mim. As peças espalhadas pelo chão começaram a tremer.”
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