Lugar de bilhete escrito pelo aluno é na sala de aula, sim!
Na escola, todo mundo usa, e você pode entrar na brincadeira dos bilhetes com sua turma!
PorMara Mansani
04/09/2018
Este conteúdo é gratuito, entre na sua conta para ter acesso completo! Cadastre-se ou faça login
Compartilhe:
Jornalismo
PorMara Mansani
04/09/2018
O contato com o mundo da escrita, como já sabemos, acontece antes mesmo das crianças entrarem na escola. Em nossas aulas, principalmente na Alfabetização, precisamos criar situações de aprendizagem que levem as crianças a se apropriarem da escrita, e uma das maneiras é trazer para dentro das escolas as práticas de escrita do dia a dia, valorizando os conhecimentos prévios dos alunos, para que essa escrita tenha sentido e significado.
Ao mesmo tempo em que a criança vai compreendendo a função social da linguagem, sente a necessidade e o desejo de ler e escrever, afinal, aprendemos a escrever essencialmente para nos comunicar com o outro e registrar desejos, ideias e informações.
Um gênero textual que explora a linguagem escrita em nosso cotidiano, que está presente na vida de muitas pessoas e tem significado para as crianças é o bilhete. Atualmente, mesmo com tantas outras formas e suportes da língua escrita que utilizamos, o bilhete ainda se faz necessário e presente, principalmente na escola.
A história da criança que inventou um bilhete para tentar faltar na aula, que viralizou recentemente, mostra como os pequenos são capazes de produzir esse gênero por conta própria, e os professores devem se apropriar disso.
A seguir, apresento um sequência didática que elaborei para explorar o gênero textual do bilhete com os alunos da Alfabetização. Lembrando que utilizo o conceito de Dolz, Noverraz E Scheuwly de sequência didática, para quem ela é “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”. Pressupõe etapas como:
Há também um movimento progressivo de complexidade, visando sempre o desenvolvimento de habilidades necessárias para a compreensão e o desenvolvimento dos gêneros. Vamos às etapas:
Apresento aos alunos uma situação real do nosso cotidiano em sala de aula em que haja a necessidade de se comunicar com o outro, em que a escrita de um bilhete seja necessária.
No caso de minha turma de Alfabetização, a situação-problema era avisar a turma de alunos de outro período, que estuda na mesma sala de aula, sobre os cuidados com o peixinho do aquário da classe.
Neste momento, deve ser apresentado aos alunos o trabalho e o estudo que realizarão. Então, a proposta para a minha turma é: escrever um bilhete para outra turma de alunos da escola.
Nessa etapa, a intenção é levantar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o gênero textual bilhete. Para isso, apresentarei alguns e vamos explorar suas características oralmente. Vou fazer algumas perguntas, de forma a auxiliá-los a identificar as características e diferenças em relação a outros gêneros, em quais situações ele se faz necessário, entre outros aspectos.
É nessa etapa que devem ser apresentadas as atividades que serão realizadas pelos alunos, levando em conta a proposta do estudo (escrita do bilhete) e os conhecimentos prévios dos alunos, com o objetivo de desenvolver as habilidades e competências escritoras necessárias.
As atividades que vou propor para meus alunos são:
Escrita coletiva de um bilhete: os alunos ditam e a professora escreve. Juntos, vamos debater e pensar a melhor forma de comunicar nossa mensagem através do bilhete.
Como primeira atividade para eles se acostumarem ao gênero, vamos escrever um bilhete aos pais, chamando a atenção para a importância de vacinar seus filhos contra a poliomielite e o sarampo.
Em duplas, eles também vão responder a um bilhete recebido. Entregarei a cada dupla um bilhete escrito por mim, e eles devem redigir a resposta. Desta vez, eles terão mais autonomia para tomar as decisões em um fórum pequeno, e minha parte será passar pelas duplas fazendo minhas intervenções em sua escrita e confrontar suas hipóteses.
Escrever bilhetes na Alfabetização envolve diferentes saberes, que vão além da compreensão das características do gênero e sua produção escrita, pois há também a construção da base alfabética. Por isso, as intervenções pontuais do professor em cima das produções das crianças são essenciais para o entendimento da escrita alfabética.
Depois dos passos de exploração, modelização e experimentação da produção de escrita, é hora de saber se a aprendizagem dos alunos foi efetiva. Hora de voltar à proposta inicial: escrever um bilhete para a turma que tem aula na mesma sala, em outro período. Primeiro, os alunos vão escrever individualmente, e depois faremos a escrita coletiva.
Essa etapa é o momento de avaliar a aprendizagem das crianças, no meu caso em relação à compreensão e ao uso do gênero textual (bilhete). É hora também de avaliar o nosso trabalho como um todo e se a proposta da sequência foi eficaz na aprendizagem dos alunos.
Mostrei neste post uma sequência didática para trabalhar um gênero textual específico, mas as etapas são as mesmas para se trabalhar outros gêneros textuais e outros conteúdos de outras disciplinas.
Vale lembrar que uma sequência didática não é apenas uma coletânea de atividades desconexas ou ligadas apenas pela temática. Ela pressupõe organização, sistematização, intencionalidade na aprendizagem e percurso didático.
E vocês, professores, fazem uso dessa modalidade organizativa em suas aulas? Quais são os desafios que enfrentam? Contem aqui nos comentários!
Um grande abraço e até a próxima semana,
Mara Mansani
Para saber mais
DOLZ, J; NOVERRAZ, M; SCHNEUWLY, B. "Sequências Didáticas para o Oral e a Escrita: Apresentação de um Procedimento". In: Gêneros orais e escritos na escola. São Paulo: Mercado de Letras, 2004.
Últimas notícias