Atribuição de aulas: você vai ter que pegar turma de outro ano. E agora?
Como lidar quando você assume turmas diferentes da qual está acostumado
PorMara Mansani
23/08/2018
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Jornalismo
PorMara Mansani
23/08/2018
Todos os anos, nós passamos pelo processo de atribuição de aulas. Geralmente esse processo acontece no início do ano letivo, mas isso pode variar. Em uma das redes em que trabalho, a atribuição ocorre no final do ano letivo. Particularmente, prefiro dessa forma, pois diminui a ansiedade e a expectativa em relação à turma que pegarei, e chego mais preparada para as aulas, com mais tempo de pesquisa e planejamento.
Lembro-me de minha primeira atribuição de aula pela rede estadual. Eu era a última da lista de classificação. Quase fiquei sem turma, peguei a última. Uma turma multisseriada (1ª a 4ª séries, que hoje são 1º ao 5º anos), em uma escola distante da sede do município, sem energia elétrica. Eu tinha que morar na casa do professor acoplada à escola.
Em um primeiro momento fiquei feliz, mas depois do primeiro dia de aula fiquei com muito medo de não dar conta. Depois da primeira semana, paixão total. Acabei ficando dois anos nessa comunidade, onde ensinei e aprendi muito!
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Depois de tanto tempo, percebo que a atribuição de aulas em relação aos professores do Ensino Fundamental 1 (os chamados polivalentes) quase não mudou. Para o último da lista, geralmente “sobra” aquela turma que nenhum professor quis por uma série de questões. Isso quando sobra! Tenho colegas que não conseguem pegar uma turma na primeira atribuição e precisam voltar em várias até conseguir.
Como na atribuição, em geral, só se leva em consideração a pontuação e não o perfil do professor, acontece muitas vezes de professores pegarem um ano para o qual não estão acostumados a lecionar, ou não escolheriam normalmente.
Em minha trajetória, nem sempre escolhi minhas turmas. Como foi ficando cada vez mais difícil a atribuição de aulas, fui estudando e pegando turmas diferentes quando tinha oportunidade, para me adaptar a elas. Com isso, construí minha experiência de trabalho com diferentes níveis de aprendizagem.
Atualmente, estou em uma situação confortável. Trabalho com um 1º ano em Alfabetização e um 4º ano, mas por opção: consegui escolher as turmas nas duas redes. Mas essa não é a realidade da Educação brasileira. Por exemplo: um professor alfabetizador pode, de um ano para o outro, pegar uma turma de 5º ano, se em sua vez na atribuição não houvesse mais turmas de alfabetização.
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Conheço casos em que os professores que trabalham muito bem com alunos maiores, de 4º e 5º anos, tiveram que pegar turmas do 2º ano, e os problemas começaram a aparecer: atividades inadequadas, com níveis de complexidade próprio para alunos mais velhos. Isso mostra um despreparo do professor, que não levou em conta o currículo da turma, mas também uma falta de apoio da escola para lidar com essa situação.
Não que nós não possamos fazer nosso trabalho com eficiência em qualquer turma e desenvolver a aprendizagem dos alunos, mas o mais adequado é ficar com um grupo de alunos para o qual estamos mais preparados, de acordo com o nosso perfil. Mas ainda há algumas providências que podemos tomar para que essa mudança seja o mais suave possível para os professores e principalmente os alunos:
Acredito que precisamos repensar todo o processo de formação dos professores, a inicial e a continuada, de forma a encontrar maneiras de unir a necessidade de aprendizagem dos alunos de diferentes turmas, o perfil do professor, as boas práticas em sala de aula, o currículo e outros elementos.
Aliás, qual seria o perfil do professor ideal? Como resolver conflitos criados em atribuições inadequadas, priorizando o direito de aprendizagem dos alunos, mas sem deixar de pensar na trajetória profissional e no perfil do docente?
Deixe sua opinião nos comentários! Um grande abraço a todos e até a próxima semana,
Mara Mansani
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