Três contos para discutir o respeito ao outro
Moacir Scliar, José Roberto Torero e Nye Ribeiro escrevem sobre preconceitos, convivência com as diferenças e aceitação
23/08/2018
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Jornalismo
23/08/2018
A formação de alunos que possam respeitar o outro e se sentirem respeitados está entre as competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
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Entre estas competências estão a empatia e a cooperação, que aborda o desenvolvimento social da criança e do jovem, propondo posturas e atitudes que devem ter em relação ao outro. Esta competência fala da necessidade de compreender, de ser solidário, de dialogar e colaborar com todos, respeitando a diversidade social, econômica, política e cultural.
Compreender as situações a partir do ponto de vista do outro, considerar as ideias e sentimentos em suas atitudes e decisões, usar diferentes formas de diálogo para chegar a um entendimento, respeitando as regras de convivência nem sempre é fácil.
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Para ajudar nesta tarefa, NOVA ESCOLA selecionou três contos de autores brasileiros que tratam do tema respeito ao outro e a si mesmo, que podem ser lidos e explorados na Educação Infantil e também nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Veja a seguir e boa leitura!
A crônica de Moacir Scliar usa a crendice popular para tratar de preconceitos e empatia
“Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o tempo todo maquinando coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua. Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de "bruxa".
Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na casa, mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos preparando venenos num grande caldeirão.
Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia invadíamos o pequeno pátio para dali roubar frutas e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno armazém ali perto, corríamos atrás dela gritando "bruxa, bruxa!".
Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal nós não sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil. Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixara aberta a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos na cortina.”
Conto de José Roberto Torero sobre convivência com as diferenças
“À primeira vista, Tadeu e Maria Angélica formavam um casal normal. Gostavam de cinema, de música e de viagens. Mas, acima de tudo, amavam o futebol. Só que, infelizmente, torciam para times rivais.
No começo, isso não era um grande problema. Maria Angélica não se importava quando Tadeu comemorava as vitórias do time dele e Tadeu até dava parabéns para Maria Angélica quando o clube dela vencia. Mas talvez isso só acontecesse porque, na verdade, os dois times eram muito ruins, e as vitórias, muito raras.
Então, no campeonato deste ano, as coisas mudaram. Novos reforços foram apresentados, técnicos foram contratados, as equipes melhoraram e as torcidas começaram a ter esperanças.
As coisas mudaram tanto que os dois times chegaram à final do torneio. Tadeu comprou um uniforme azul e amarelo para ir ao estádio. Maria Angélica foi com uma enorme bandeira verde e branca.”
Nye Ribeiro usa uma fábula para refletir sobre aceitação e estima
“Filó, a joaninha, acordou cedo.
- Que lindo dia! Vou aproveitar para visitar minha tia.
- Alô, tia Matilde. Posso ir aí hoje?
- Venha, Filó. Vou fazer um almoço bem gostoso.
Filó colocou seu vestido amarelo de bolinhas pretas, passou batom cor-de-rosa, calçou os sapatinhos de verniz, pegou o guarda-chuva preto e saiu pela floresta: plecht, plecht...
Andou, andou... e logo encontrou Loreta, a borboleta.
- Que lindo dia!”
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