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Jornalismo

Clássico do mês

Nada mais certeiro do que o título deste livro - A Paixão de Conhecer o Mundo (268 págs., Ed. Paz e Terra, tel. , 43,50 reais). A Educação Infantil é mesmo um caso de paixão e os relatórios de Madalena Freire apresentam uma narrativa deliciosa sobre a formação de um grupo e de um trabalho educativo extremamente comprometidos com a aprendizagem das crianças. Seus relatos tratam da delicada relação entre ensino e descoberta, reafirmam a incrível capacidade de observação e de interação dos pequenos com o mundo em que vivem e firmam a convicção de que não há construção de conhecimento desligada de afetos, interesses e sentimentos. As pesquisas do grupo são instituídas como espaço para perguntas, curiosidades, observações e teorias provisórias. Não há um contexto afi rmativo e indicativo, como observamos muitas vezes nas práticas de Educação Infantil. O encanto pela possibilidade e provisoriedade do conhecimento dispara o prazer intelectual de descobrir alunos observadores e inteligentes. O respeito pelo modo de pensar do grupo traz um sentido poetizante aos textos que caminham com um espírito investigativo, denunciando a responsabilidade da educadora no dever compulsório de atender à postura curiosa e interessada das crianças. A primeira edição da obra tem 25 anos e, fora os avanços que tivemos na didática da alfabetização - que implicam a reconceitualização de algumas propostas -, ela é atualíssima e fundamental na formação de
educadores. Porque ainda hoje é muito importante compreender que a oferta de informações é apenas o passo inicial para um caminho que não podemos fazer pela criança, assim como controlarmos o tempo que cada uma delas irá usar para percorrê-lo. Da mesma forma, são fundamentais o registro na prática dos professores e a possibilidade de recriar vários caminhos com os pequenos. E, por fim, porque segue eterna a paixão de todos eles em conhecer o mundo e enxergar seus sentidos pelas frestas.

Beatriz Gouveia, coordenadora do Programa Além das Letras do Instituto Avisa Lá

Trecho do livro

"É procurando compreender as atividades espontâneas das crianças que vou, pouco a pouco, captando os seus interesses, os mais diversos. As propostas de trabalho que não apenas faço às crianças, mas que também com elas discuto, expressam, e não poderia deixar de ser assim, aqueles interesses.

Por isso é que, em última análise, as propostas de trabalho nascem delas e de mim como professora. Não é de estranhar, pois, que as crianças se encontrem nas suas atividades e as percebam como algo delas, ao mesmo tempo em que vão entendendo o meu papel de organizadora e não de ‘dona’ de suas atividades.

Daí a importância de salientar este papel do professor como organizador. Organizador no sentido, porém, de quem observa, colhe os dados, trabalha em cima deles, com total respeito aos educandos que não podem ser puros objetos de ação do professor."

Por que ler

- Explicita a importância do diário do professor como um instrumento de reflexão.
- É um ótimo exemplo de como o educador deve escutar as crianças e considerar as idéias delas.
- Inclui as crianças na prática do registro, propondo que documentem suas experiências de aprendizagem, suas vivências e seu trabalho.
- Propõe uma reflexão sobre a articulação das necessidades individuais dos pequenos e do grupo.
- Incentiva a aproximação da comunidade dos pais ao trabalho realizado em classe.
- Destaca a necessidade da teoria para avançar na prática.

De 6 de outubro a 6 de novembro

Os leitores que entrarem em contato com a editora Paz e Terra e mencionarem a parceria com a revista ganham 20% de desconto na compra de um exemplar.

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