O fim da desconfiança
Acreditar nos outros é uma ferramenta poderosa em tempos de descrença generalizada
13/04/2018
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Jornalismo
13/04/2018
Sempre fui fascinado pela figura do “sujeito oculto” nas aulas de Língua Portuguesa. Lembro até hoje da explicação da professora Neusa. Afinal, não era só uma lição sobre gramática. Também era uma ferramenta para entender o mundo. É fundamental procurar os sujeitos que se escondem.
Em Educação, o sujeito oculto é feminino e se chama confiança. Ela é fundamental em todas as relações escolares. É ela quem dá sustentação nos maus momentos, é ela quem faz um bom trabalho voar. Na prática, a confiança funciona de forma simples. É a certeza de que a outra pessoa age na melhor das intenções. É a crença de que um erro é só um erro. Por mais grave que seja, não é capítulo de conspiração. Quando a gente tem confiança, se sente confortável para ir mais longe, se sente cheio de vida para construir o que nós, coletivamente, concordamos em fazer.
Dito assim, parece ingênuo. Nas mensagens que muitos de vocês me mandam, aparecem muitas histórias de mentira e deslealdade. Da secretaria de Educação ao colega da sala ao lado, eu teria material para uma edição inteira só com os relatos de vocês. Muitas dessas histórias mostram como um bom trabalho pode ser corroído por uma série de ações desastradas e desastrosas.
Porém, por mais contraproducente que possa parecer, você precisar acreditar. De forma crítica, pensante, claro. Mas precisa. Adaptando uma máxima do escritor Nelson Rodrigues, sem confiança não se chupa nem um Chicabon – quanto mais se constrói uma boa aula ou um excelente projeto político-pedagógico. Afinal, tudo parte do princípio de que todos, alunos, educadores e famílias, estão comprometidos com o crescimentos uns dos outros. Nem sempre é um princípio fácil de ver na prática. Ao mesmo tempo, é fundamental. Como levantar pela manhã com a crença de que seu trabalho não serve para nada e de que todos estão contra você?
Esta edição de NOVA ESCOLA, portanto, é uma homenagem à confiança. Na reportagem de capa, contamos como o seu colega pode ser o seu melhor professor. Ao se abrir às devolutivas e crer que elas são feitas com boa intenção, você aprende, dá aulas melhores e evolui como profissional da Educação. Não é fácil? Não. Nenhuma mudança de verdade é, ainda mais quando tudo parece confluir para a descrença generalizada.
Dúvidas? Críticas? Estou sendo ingênuo demais? Quer me contar sua história de confiança no leandro@novaescola.org.br? Estamos de coração aberto. Como me dizia um antigo professor, a confiança vai te machucar muitas vezes, mas só ela vai te levar para a frente.
Um abraço,
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