Compartilhe:

Jornalismo

A riqueza das expedições culturais

Elas têm o mesmo sabor de uma viagem e possibilitam à turma aprofundar os assuntos vistos em aula. Experimente

PorPaulo Araújo

01/10/2003

Foto: Gustavo Lourenção
Foto: Gustavo Lourenção

Complementar o conteúdo teórico de uma aula ou um projeto com a visita a um museu. Você já pensou que impacto isso causa na aprendizagem dos seus alunos e no desenvolvimento do gosto deles pelas artes? "Uma expedição cultural pode ter o mesmo sabor de uma viagem a um novo território", observa a consultora de Arte Mirian Celeste Martins. "Se uma pequena mudança no nosso dia-a-dia gera novas percepções, imagine o que é visitar um lugar especialmente preparado para nos receber?"

Para que a experiência seja significativa, o destino deve ser bem escolhido. "A saída não pode ser considerada simplesmente um passeio, que quebre a rotina das aulas", alerta Marisa Szipgel, coordenadora pedagógica do Museu de Arte Moderna de São Paulo. O mais importante é que o aprendizado obtido na visita deve estar relacionado ao conteúdo trabalhado em classe, como ocorreu nos dois casos citados a seguir.

"Viagem" à terra dos faraós acaba em banquete

 

No último mês de junho, Maria Cecília Suguiyama, Carolina Lacombe e Andrea Battazza, professoras da Escola Móbile, de São Paulo, abordaram o ciclo da água com turmas de 5 anos. As crianças mostraram interesse por alguns rios famosos, especialmente o Nilo, no Egito.

A curiosidade deu origem a um projeto. O trabalho teve início com a investigação sobre o conhecimento prévio dos estudantes. "Eles sabiam que no Egito fazia calor, que tinha areia e pirâmides", conta a professora Maria Cecília. Novas informações chegaram à garotada por meio de vídeos e livros. Como o interesse se mantinha, o trio de educadoras decidiu convidar uma historiadora para falar com a garotada. Todas as atividades foram registradas de forma escrita e em desenhos e organizadas em portfólios e painéis. O passo seguinte foi a montagem de maquetes de pirâmides e enfeites de inspiração egípcia.

Em seguida todos foram visitar o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. As pinturas das paredes, que mostram a cerimônia de um funeral, e a tampa de um sarcófago foram o que mais chamou a atenção. Uma festa foi organizada no final do projeto. Com roupas e adornos típicos, a meninada preparou um banquete. No cardápio, pratos da culinária egípcia.

Quem somos? Tela de Tarsila responde

 

 

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O tema da aula de Arte era a formação da identidade. Para instigar a turma de 4ª série do Centro de Ensino Integrado Wellington, em São Paulo, o professor Pio Santana fez duas perguntas: "Quem são vocês?" e "O que vocês representam na sociedade?" Seguiu-se à discussão uma visita à exposição Arte e Sociedade (1930-2001): Uma Relação Polêmica, em cartaz até junho passado no Instituto Itaú Cultural, em São Paulo.

Lá os alunos apreciaram a tela Operários (acima), pintada por Tarsila do Amaral em 1933. Durante a visita, o grupo discutiu o contexto social da época em que o quadro foi pintado. "Na escola, inspirados numa reprodução da obra, pudemos aprofundar o debate sobre os diversos tipos que formam o povo brasileiro", conclui o professor.

Antes, durante e depois: cuidados que você deve ter

Uma expedição cultural exige preparação. Confira as sugestões de Milene Chiovatto, coordenadora da área de Ação Educativa da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

? Visite o local escolhido antes de levar os alunos e informe-se sobre regras, como a proibição de filmagens ou fotografias.

? Estude previamente o conteúdo da exposição, consultando o setor educativo.

? Providencie transporte e alimentação para o grupo.

? Explique à turma a diferença entre visita educativa e de entretenimento.

? Adapte o tema da exposição ao conteúdo curricular que você está trabalhando e explique aos alunos a relação entre o tema das aulas e o acervo do museu.

? Durante a expedição, incentive os estudantes a fazer perguntas.

? De volta à escola, não deixe o tema esfriar. Retome conceitos teóricos, organize seminários e peça para a turma produzir cartazes e redações. Experiências como essas ajudam a desenvolver o gosto pela cultura e a despertar o desejo de realizar visitas autônomas posteriormente.

? Fique atento nas opções que sua cidade oferece. Nem só os museus possibilitam ricas atividades de complementação aos trabalhos realizados em sala. Você pode planejar expedições culturais a praças, parques, fábricas, igrejas ou teatros, por exemplo. As sugestões acima, devidamente adaptadas, serão igualmente úteis.

Quer saber mais?

Centro de Ensino Integrado Wellington, Av. Ministro Petrônio Portela, 11, 02959-000, São Paulo, SP, tel. (0_ _11) 3976-5588

Escola Móbile, Av. Macuco, 218, 04523-000, São Paulo, SP, tel. (0_ _11) 5055-9902

Instituto Itaú Cultural, Av. Paulista, 149, 01311-000, São Paulo, SP, tel. (0_ _ 11) 3268 1700 internet: www.itaucultural.org.br

Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Almeida Prado, 1466, 05508-900, Cidade Universitária, São Paulo, SP, tel. (0_ _11) 3818-4901, internet: www.mae.usp.br

Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, Portão 3, 04094-000, São Paulo, SP, tel. (0_ _11) 5549-9688, internet: www.mam.org.br

Pinacoteca do Estado de São Paulo
, Pça. da Luz, 2, 01120-010, São Paulo, SP, tel. (0_ _11) 229-9844 

continuar lendo

Veja mais sobre

Últimas notícias