Produção de ilustrações
Apresente aos estudantes a ilustração, uma importante linguagem que frequentemente aparece em livros e outros suportes de texto
01/10/2010
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Jornalismo
01/10/2010
De forma instintiva, estabelecemos relações entre as imagens e o texto que compõem um livro. Quer ver só? Certamente você já leu diversos deles com belas imagens e, ao recomendá-los, elogiou o visual, dizendo, por exemplo, que ele fez com que você viajasse na história. Isso não significa que o que estava escrito não recebeu a atenção merecida ou era ruim. As ilustrações lhe chamaram a atenção porque ajudaram a compreender melhor o texto ou mostraram detalhes não revelados em palavras.
A ilustração é uma linguagem visual que agrega informações ao texto (não apenas o reproduz) e pode ser feita com diversas técnicas. "Ilustrar não é só desenhar. É pintar, colar, carimbar... Há uma infinidade de materiais para serem utilizados, como carvão e guache", explica Fernando Vilela, ilustrador e professor do Instituto Tomie Ohtake, na capital paulista. Ela é diferente da pintura de quadros ou da fotografia de paisagem porque essas são atividades que podem estar desconectadas do suporte textual.
Encaminhar os alunos para fazer esse tipo de trabalho, mas de modo consciente e crítico, e ir além, incentivando com transformações e criações, é uma proposta importante na disciplina. Para Marisa Szpigel, coordenadora de Arte da Escola da Vila, em São Paulo, é interessante abordar esse tipo de imagem com os estudantes das séries finais do Ensino Fundamental justamente porque nessa fase eles tendem a julgar suas produções ruins por não alcançarem o realismo que idealizam.
Para que o conteúdo seja desenvolvido com êxito, é preciso fugir de propostas como "faça um desenho para o texto a seguir". Segundo Luís Camargo, ilustrador e doutor em Letras pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esse tipo de consigna, incompleto e vago, implica em imitar a aparência de um objeto ou de uma situação. O aluno não é desafiado a pensar se tem de se ater ao texto ou ir além dele e quais técnicas, cores e outros elementos adequados são para aquele registro em específico. O correto é investir em atividades específicas. As atividades a seguir garantem que os estudantes adquiram conhecimentos sobre a linguagem e saibam como usá-la. Cabe a você orientar o percurso da moçada com intencionalidade.
Análise de referências
Situação para o grupo compreender como se dá a relação entre a ilustração e o texto e ampliar o repertório. É importante selecionar suportes (como livros ilustrados) e listar técnicas (pintura e desenho, por exemplo) e reunir os alunos para conversar a respeito (leia a atividade). Essa oportunidade possibilita que eles observem as soluções encontradas por profissionais para ilustrar questões abstratas, como os sentimentos de um personagem. Lembre-se de garantir que as análises se aprofundem. A turma tem de ir além de adjetivações como feio e bonito. "A leitura não pode ser superficial. Se o estudante não entender o que está presente na relação entre texto e imagem, não vai conseguir produzir", explica Rosa Iavelberg, docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. Para provocar o imaginário do grupo do 7º ano da Escola Castanheiras, em Santana de Paranaíba, na Grande São Paulo, Ana Paula Martinho Lima, professora de Arte, trabalhou com ilustrações de livros, jornais e revistas. "A ideia era fazer todos identificar o que as ilustrações informavam além do que já estava explícito no texto", conta.
Transformando ilustrações
Momento em que a moçada começa a produzir ilustrações levando em consideração uma que já exista. O objetivo é apurar o olhar dos alunos, já que eles precisam analisar o que está pronto e fazer algo novo. A proposta tem de ser realizada selecionando criticamente as informações contidas no texto e na ilustração original, que, depois será manipulada. Repare que não se trata de cópia ou refação, simplesmente usando outra técnica para ilustrar. O estudante tem de analisar o original, eleger o que é prioritário nele, o que gostaria de acrescer a ele e se deseja mudar o ângulo da cena (leia a atividade). Ao propor outra solução para o que já está pronto, ele passa a olhar seus trabalhos futuros de maneira mais atenta, evitando o equívoco de apenas contar o que está escrito. Kioko Watanabe, professora do Instituto de Educação Infantil e Juvenil, em Londrina, a 378 quilômetros de Curitiba, organizou uma situação como essa, pedindo que a turma do 6º ano mantivesse a técnica do orignal e se preocupasse em transformar a imagem de acordo com critérios justificáveis.
Ilustrando textos
Hora de criar com mais liberdade, porém sem deixar de levar em conta os trabalhos anteriores (leia a atividade). Cuide para que o texto escolhido seja de um gênero conhecido. Textos curtos, como poesias, letras de músicas e fábulas, são os mais indicados para o início do percurso. Discuta também a técnica a ser usada. As referências já analisadas e o que os estudantes sabem fazer são de grande ajuda para tomar essas decisões. Ao realizar uma atividade com essa proposta, a turma de Renata Oliveira, professora do Colégio de Aplicação João XXIII, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), questionou como ilustrar pontos abstratos da canção Aquarela (composta por Toquinho, Vinicius de Moraes, M. Fabrizio e G. Morra). Para sanar as dúvidas, ela fez discussões coletivas a respeito das cores e dos traços apropriados. "A maioria optou por tonalidades claras", conta. Ajudar a garotada a decidir se o foco será um trecho ou não também é sua responsabilidade. As duas situações apresentam desafios. Para começar, é aconselhável usar a íntegra. Apesar disso, no percurso do trabalho, o grupo deve fazer ambas, decidindo com autonomia o que julga ser melhor.
Quer saber mais?
CONTATOS
Colégio de Aplicação João XXIII, tel. (32) 3229-4602
Escola Castanheiras, tel. (11) 4152-4600
Fernando Vilela
Instituto de Educação Infantil e Juvenil, tel. (43) 3341-6733
Luís Camargo
Marisa Szpigel
Rosa Iavelberg
INTERNET
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