Viva o espírito olímpico!
Evento é uma chance de ouro para educar incentivando os valores atrelados ao esporte
PorMaggi KrausePaula PeresJacqueline Hamine
04/02/2016
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Jornalismo
PorMaggi KrausePaula PeresJacqueline Hamine
04/02/2016
Entusiasta da Educação, o historiador francês Pierre de Coubertin (1863-1937) acreditava no potencial do esporte como ferramenta para o desenvolvimento humano e tinha o sonho de recomeçar os Jogos Olímpicos, depois de 15 séculos de interrupção. Em 1896, ele inaugurou o período moderno da competição no país onde tudo havia começado: a Grécia. Na nova estrutura, a preocupação com os valores envolvendo o esporte era latente e isso é respeitado até hoje. "Quando um país se candidata a receber os jogos, se compromete a desenvolver um programa de Educação voltado a eles e engajar a população", explica Vanderson Berbat, gerente de Educação do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. "O chamado Movimento Olímpico vai além dos eventos, é uma filosofia que inclui fazer com que os valores do esporte estejam a serviço da Educação", afirma ele.
O comitê brasileiro desenvolveu um projeto educacional que trabalha os princípios nos esportes e no ambiente escolar. Materiais de formação para professores e sugestões de atividades em equipe estão disponíveis no site rio2016.com/educacao. Os valores são sete, divididos entre olímpicos - amizade, respeito, excelência -, que inspiraram Coubertin na reorganização dos jogos, e paralímpicos - igualdade, inspiração, determinação e coragem -, acrescentados décadas depois. "Eles estão sob a ótica do esporte, mas são universais. Podem e devem ser multiplicados, extrapolados para a vida em sociedade", defende Katia Rubio, professora da Faculdade de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP).
Mesmo que um evento dessa magnitude seja passageiro, a escola pode aproveitar a propagação dos valores para abordar questões importantes na relação entre alunos, professores e funcionários e até usá-los como ponto de partida para melhorar o clima nos anos seguintes. "Mais do que decorar a instituição com temas olímpicos e colocar cartazes com esses princípios escritos, é importante conversar com os estudantes e dar o exemplo para que todos consigam vivenciá-los no dia a dia", sugere Rafael Petta Daud, membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem da Unesp). Ao debater com as turmas, é interessante levantar discussões que gerem reflexões, como a história da judoca Woidan Shaherkani, da Arábia Saudita, a primeira mulher a representar seu país em uma Olimpíada (Londres 2012). "Esse exemplo está relacionado com igualdade, determinação e coragem, valores defendidos pelo torneio", explica Rafael. Podem ser feitas referências fora do contexto esportivo, para ampliar o entendimento das crianças, como aponta Vanderson: "Um atleta precisa de coragem e determinação para participar de uma competição. Mas a estudante paquistanesa Malala Yousafzai também precisou de coragem e determinação para lutar pela Educação das meninas de seu país".
Como já vivemos a experiência de um megaevento esportivo recentemente, a Copa do Mundo de 2014, sabemos que a atenção do planeta estará voltada ao Rio de Janeiro, e que as crianças e os jovens brasileiros também ficarão ligados nos acontecimentos. É muito provável, e saudável, que os alunos cheguem à escola com a mente cheia de informações e dúvidas. As novidades serão muitas: práticas antes desconhecidas, mudanças na organização da metrópole, costumes de participantes de diversos países, notícias sobre resultados de jogos e referências de bom desempenho entre os campeões.
"O professor deve usar essas curiosidades para ampliar o repertório da turma", afirma Rafael. Há possibilidades de aprendizagem em todos os campos do conhecimento. Pode-se ensinar novas modalidades esportivas, analisar as mudanças na urbanização da cidade-sede, trabalhar o funcionamento do corpo de um atleta, estudar os reflexos das mudanças políticas do século 20 nas Olimpíadas, entre outras temáticas. Porém, vale selecionar o que é mais adequado dentro das expectativas de aprendizagem de cada etapa de ensino. "O interesse da classe não deve ser o único fator para desenvolver um projeto. O professor deve se preparar para estudar o que faz sentido sobre o tema dentro do currículo", diz Katia. Conheça, nas próximas páginas, as sugestões preparadas por NOVA ESCOLA para abordar aspectos diferentes dos Jogos Olímpicos em diferentes disciplinas.
Ilustrações: O Silva
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