Poucos querem se sentar na cadeira do gestor
Excesso de responsabilidade e baixa remuneração são alguns dos fatores que espantam potenciais candidatos ao cargo de gestor
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04/01/2016
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Jornalismo
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04/01/2016
Quem quer ser diretor de escola? Em certos estados brasileiros, a resposta a essa pergunta é desanimadora: a média registrada é de um ou dois candidatos por pleito (veja gráfico abaixo). Indo mais a fundo nos dados da pesquisa da Fundação Victor Civita, nota-se que em muitas unidades não há ninguém na disputa, como ocorreu em 22% das escolas baianas e em 14% das piauienses nas últimas eleições. Mesmo no Distrito Federal, onde a média é de três candidatos por votação, 10% das escolas também tiveram procura zero.
A conclusão do estudo não poderia ser outra: o cargo não é atrativo. A causa está no elevado ônus, com uma recompensa considerada inadequada. Os diretores reclamam que a gratificação financeira é pequena diante da dedicação que o trabalho exige e do nível de estresse que provoca. Quem está na função é cobrado pela solução de diversos problemas - e nem sempre tem formação e autonomia para superá-los. Nas redes que promovem a eleição para diretor, a chance de enfrentar um processo eleitoral desgastante é outro fator que afugenta os candidatos.
Por outro lado, a pesquisa detectou que em três das 16 unidades federativas que promovem eleições para diretor há uma média boa de quatro candidatos por vaga. São elas: Acre, Mato Grosso do Sul e Pará. Os motivos nem sempre são ligados à estrutura para exercer a função (leia depoimentos abaixo). Um é o prestígio do cargo: "O trabalho bem feito é reconhecido pela comunidade", analisa Maria Luiza Farias Carvalho, coordenadora da Secretaria de Estado de Educação do Pará.
"Fui eleita pela primeira vez em 1995. Era professora de Matemática e Física desde 1984 e o diretor da época sugeriu que eu me candidatasse. Ganhei duas eleições seguidas e, após ser adjunta por um mandato, voltei à direção. Gosto do cargo porque nele é possível fazer mais pela Educação. Meu trabalho abrange não só os alunos mas também os professores e a comunidade. Isso é motivador, mesmo que a função exija dedicação integral. Conto com o apoio da Secretaria sempre. Se surge dúvida, consulto. Agora, com 61 anos, vou me aposentar. Soube que há pelo menos três interessados em me substituir."
Palmira Alves Alencar Claudino, diretora da EE Maria Constança Barros Machado, em Campo Grande, MS
"Em 2000, comecei a dar aula de Arte aqui e já no ano seguinte me candidatei à direção. Minha chapa foi a quinta a se inscrever no pleito, que foi bem disputado. Nossa escola era tida como problemática. Havia histórico de violência, não tinha projeto político-pedagógico, as cadeiras estavam quebradas e os computadores envelheciam no almoxarifado. O que me moveu foi o desafio de dar voz às necessidades da comunidade. Gosto de reivindicar e atingir objetivos. Hoje somos referência e ganhamos até um prêmio de gestão. Nossas decisões são compartilhadas com a coletividade."
Lucia Maria Oliveira de Melo, diretora da EE Serafim da Silva Salgado, em Rio Branco, AC
"Adoro interagir com as pessoas e tenho perfil de liderança, que julgo ser essencial para exercer essa função. Sou diretora desta escola desde 2003 - primeiro fui nomeada, depois eleita - e já tinha experiência como vice em outras unidades. No começo, a infraestrutura era precária. Então, fui buscar apoio na Secretaria. Ousada eu sou. Acho que o diretor tem de ir à luta e fazer a diferença. Fico satisfeita em ver crianças felizes com o conforto das salas de aula climatizadas. Estou colhendo o que plantei. Hoje há grande procura por vagas. Além de boa infra, temos qualidade de ensino."
Jorgina Barros, diretora da EE General Gurjão, em Belém, PA
Especialistas defendem que as Secretarias podem tornar o cargo mais atraente (leia o quadro abaixo). "Dar autonomia e associá-la a metas claras e aos resultados é essencial", diz a doutora em Educação Gisela Wajskop, diretora do Instituto Singularidades, em São Paulo. Foi no que investiu o Acre. O ex-diretor de gestão da Secretaria de Estado de Educação Jean Mauro de Abreu Morais conta que a lei estadual 1.513, de 2003, contribuiu para o aumento da procura. "O gestor escolhe os coordenadores de ensino e o administrativo de sua equipe."
Acenar com melhores salários é um dos fatores para chamar a atenção para o cargo, mas não é o único. Outras medidas podem surtir efeito:
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