Indisciplina: um problema de todos
Ela afeta alunos e professores. Esse é um dos poucos consensos em relação a um problema tão antigo quanto a própria escola
06/12/2019
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Jornalismo
06/12/2019
“Quem você não queria ter como colega de classe?” Essa foi uma das perguntas feitas para 8.283 jovens em dez cidades brasileiras pela pesquisa Juventudes na Escola: Sentidos e Buscas (Flacso/OEI/MEC, 2015), coordenada pela pesquisadora Miriam Abramoway. 41% dos entrevistados, respondeu que não gostaria de ter colegas “bagunceiros” por perto. Já os aspectos mais interessantes da escola para os jovens, segundo a mesma pesquisa, seriam as “aulas legais” e os “amigos da escola”. Veja, abaixo, outros fatores que completam o quadro de bons motivos para ir à escola, segundo seus frequentadores.
Para enfrentar questões como a indisciplina, geradora dos “bagunceiros”, o melhor a ser feito é estabelecer regras de convívio de comum acordo. Afinal, quando os próprios bagunceiros participam da elaboração das regras, fica mais difícil permanecer como o elemento transgressor. E práticas como a de criar assembleias de classe, mostrada nesta reportagem, ao estimularem a participação dos alunos e professores, ajudam na criação de uma cultura de responsabilidade compartilhada e de apoio mútuo, como destaca Flávia Vivaldi, do Gepem: “As competências da BNCC falam sobre o protagonismo dos alunos. Ora, as assembleias de classe são justamente um tipo de procedimento para permitir esse protagonismo”, enfatiza a educadora.
De fato, a Talis 2018 (Pesquisa Internacional de Ensino e Aprendizagem), realizada pela OCDE em 48 países, identificou que escolas que promovem maior participação de alunos, professores e das famílias em suas decisões, como por exemplo, na elaboração conjunta e pactuada das regras da escola, têm menor porcentual de indisciplina em relação àquelas instituições cujas regras foram impostas pelos gestores.
O mesmo estudo apontou que, enquanto na média dos países pesquisados 3% das escolas enfrentam problemas de intimidação ou ofensa verbal a professores ou funcionários ao menos uma vez por semana, no Brasil e na Bélgica o problema é bem mais grave: ocorre semanalmente em mais de 10% de escolas.
Outra pesquisa, realizada por Gabriela Moriconi e Julie Bélanger com base nos dados da Talis 2013/OCDE com docentes de 22 países, colocou os professores brasileiros em primeiro lugar no ranking das queixas em relação à disciplina: 65% dos entrevistados relataram que mais de 10% de seus alunos têm problemas de comportamento (ante 25% dos seus colegas da Estônia, por exemplo).
Se houvesse uma lata com a inscrição “Eu critico” nas salas de aula desses professores, seria bem provável que muitos alunos colocariam ali alguma queixa sobre seus “colegas bagunceiros”. Assim mesmo, escrito de forma genérica, sem dar nome ao criticado, para que a assembleia da classe discuta a bagunça que atrapalha a todos, não o bagunceiro – que, muito provavelmente, já sabe que estão falando dele... mesmo sem falar dele.
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