Como educar uma geração digital?
Professora Débora Garofalo faz uma reflexão sobre estar em sala com a Geração Z
21/05/2019
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Jornalismo
21/05/2019
Provavelmente você já escutou que estamos no século 21, mas vivemos uma escola do século 19. Você também compartilha dessa sensação, professor? Quando falamos em Educação e olhamos ao nosso entorno, vemos que estamos muito distante da realidade que nos cerca. É realmente como se a escola estivesse parada no tempo e não tivesse acompanhado toda a transformação da sociedade – principalmente as tendências tecnológicas (mas não só). Reverter essa situação contextualizando a escola nesse novo tempo é fundamental para dialogarmos melhor com a aprendizagem e o engajamento dos nossos estudantes.
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Nossos alunos são outros. Eles nasceram na era digital e estão acostumados a estímulos de aplicativos e plataformas digitais. Com esse estímulo constante desde muito pequenos, a chamada Geração Z (pessoas que se encontram na faixa etária entre 10 a 24 anos) não tem mais se concentrado nas aulas e na dinâmica do giz e lousa.
SAIBA MAIS
Nativo digital
O termo foi criado pelo norte-americano Marc Prensky e faz referência aos nascidos e crescidos com as tecnologias digitais presentes em sua vivência.
Geração Z
É a definição sociológica para a geração de pessoas que nasceram entre meados da década de 90 até o início dos anos 2010. Uma das características dessa geração é possuir grande facilidade com mídias digitais.
Entender essa mudança e o quanto ela impacta a Educação é essencial para transformar o aprendizado. Só assim vamos compreender os desafios, vencer as dificuldades e alcançar os benefícios de estar em maior sintonia com os estudantes.
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Não existe uma receita de bolo. O ponto de partida é contextualizar a tecnologia em sala de aula e fazer dos smartphones um aliado para as aulas. A medida que as tecnologias foram ganhando força na sociedade, a escola ficou inerte à questão: não foram trabalhados, por exemplo, temas essenciais, como internet segura, uso consciente das redes sociais, notícias falsas e dados. Todos esses temas são discussões necessárias para uma quebra de paradigma e cultural sobre a tecnologia e a vida digital. É um engano pensar que ter nascido em uma geração digital é o suficiente para garantir um bom uso do mundo digital. Por isso, é fundamental que o ponto inicial seja trabalhar essas questões com os estudantes, fazendo-os entender que a tecnologia tem o seu lado benéfico, mas, também um outro lado: o da dispersão que pode comprometer os estudos e até a segurança pessoal dos indivíduos.
Alguns aspectos requerem atenção, especialmente com o ensino de leitura. Quando os estudantes migram para as mídias digitais, a leitura é baseada em textos repletos de imagens. É necessário ter esse olhar e trabalhar em sala de aula com redes sociais e com textos multimodais, diminuindo os impactos deste novo mundo.
Trabalhar com textos das redes sociais como o Twitter, Facebook e Instagram é importante para trabalhar com a multimodalidade. Por meio dela os estudantes podem compreender a proposta das imagens, a interação (comentários) e a escrita, nem sempre seguida pela norma culta. São pontos essenciais, para fomentar a leitura em plataformas digitais, intensificando que os alunos se tornem responsivos ativos.
Outro ponto importante é compreender que os alunos aprendem e interagem de uma maneira diferente. O caminho é fomentar o diálogo, chamando atenção para o que estão compartilhando e a forma que estão interagindo com as ferramentas digitais. Trazer desafios novos para a sala de aula, também é fundamental para o processo de ensino aprendizagem. Algumas ferramentas contribuem para essa transição. Uma delas é o Google Classroom, que permite uma grande interação com o conteúdo a ser trabalhado, fazendo com o que estudantes também sejam produtores de tecnologias e não somente consumidores. A ferramenta permite uma a oportunidade de criar conteúdo, além de ser uma possibilidade para que muitos pais acompanhem o desenvolvimento dos alunos, integrando a escola e a família.
O caminho também perpassa em inserir ferramentas digitais ao planejamento e ao cotidiano escolar. Aqui, vale propor ações para que os alunos possam despertar para o protagonismo, como realizar um vídeo, documentário ou curta metragem. São ações que podem ser realizadas pelo celular e que fornecem um outro significado às aulas. Por permitir que os alunos se envolvam de forma significativa, esse tipo de atividade trabalha questões como colaboração, empatia e resoluções de problemas.
Apesar de estarmos no processo de aprender a inserir as tecnologias nas aulas, é importante salientar o quanto que ela contribui para o aprendizado dos alunos e de professores. A tecnologia tem de ser encarada como uma propulsora da aprendizagem, sendo capaz de alavancá-la, de criar um espaço em que os alunos ganham autonomia para estudar e participar ativamente de seus estudos. Eles podem estar estudando sobre determinado assunto e recorrer a um vídeo no YouTube para compreender melhor sobre o assunto. Ferramentas digitais também colaboram para o raciocínio lógico e ajudam a desenvolver o pensamento criativo.
E você, querido professor, quais ações têm realizado em sua de aula para integrar a tecnologia ao contexto escolar? Conte aqui nos comentários e ajude a fomentar práticas pedagógicas!
Um grande abraço,
Professora da rede Municipal de Ensino de São Paulo, formada em Letras e Pedagogia, mestranda em Educação pela PUC-SP, colunista de Tecnologia para o site da NOVA ESCOLA, vencedora na temática Especial Inovação na Educação no Prêmio Professores do Brasil e Top 10 no Prêmio Global Teacher Prize, considerado o Nobel da Educação.
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