Escolas com bom convívio têm muito a ensinar
Valorizar as relações humanas é fundamental para transformar instituições de ensino em verdadeiras comunidades de aprender
01/08/2011
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Jornalismo
01/08/2011
A Educação Básica é um direito de cada criança e jovem. Quando pensada como só mais um serviço, é frequentemente avaliada pelo seu desempenho, da forma como se julgam ofertas de mercado. Por mais comum que isso seja, é preciso questionar se essa avaliação está levando em conta aspectos essenciais da Educação que, se forem desvalorizados, podem ser também esquecidos. Ao destacar um desses aspectos, a boa convivência entre todos na escola, convido todos os meus colegas a lançar um novo olhar sobre seus espaços de trabalho, para além dos exames convencionais.
Cooperando com unidades de ensino pelo Brasil, tenho encontrado algumas que são referência de vida e de trabalho para seus alunos, ex-alunos e professores e que, sem precisar alardear liderança em classificações - mesmo que as tenham -, são disputadas pelas famílias que as conhecem. Diferentes umas das outras, essas instituições estão em bairros carentes ou de elite, são grandes ou pequenas, públicas ou privadas, mas têm em comum uma característica difícil de mensurar: a qualidade das relações na realização de sua função social, que é ensinar.
O bom convívio é desejável em qualquer atividade, sendo essencial em família, no trabalho, nos esportes ou no trânsito e, portanto, deveria ser valorizado especialmente na Educação. Por isso, procurei identificar nas escolas que me chamam a atenção as condições que contribuem para o melhor relacionamento entre estudantes, educadores, funcionários, famílias e comunidade. Posso mostrar que são relativamente simples, mas nem sempre tão presentes.
Antes de tudo, para um bom convívio, é preciso que haja convívio - o que, por mais óbvio que pareça, nem sempre ocorre. Quando o ensino se resume a treinamento e transferência de informação, as interações entre estudantes chegam a ser evitadas a pretexto de prejudicarem a concentração. O que resta é uma relação de competição entre alunos e de recíproca cobrança entre eles e seus professores. Já se o convívio participativo é promovido nas salas de aula e em atividades de sentido social, artístico, técnico ou científico, o aprendizado se dá em um processo cooperativo, no qual relações de confiança e amizade se estabelecem naturalmente. Isso pode ocorrer por iniciativa de um professor, mas só se generaliza quando há um projeto educativo que promove a convivência de toda a equipe escolar e dos jovens.
Quando são discutidas as responsabilidades de cada um na formação, as regras de convívio não são ignoradas, as relações não se limitam a queixas de comportamento e o exercício de autoridade, quando necessário, é compreendido. Melhor ainda: se os novos alunos, pais e professores forem apresentados pelos que os antecederam à forma com que a escola cumpre suas metas, eles farão parte de um compromisso para enfrentar problemas, e não para reclamar deles.
Para que essa participação prossiga ao longo do ano letivo, é preciso fazer consultas, mediar conflitos e rever percursos, o que se realiza com corresponsabilidade, especialmente nos conselhos de classe e de escola. Neles, professores, coordenadores e representantes das famílias - e, dependendo da etapa escolar, também de alunos - acompanham resultados e discutem problemas. Podem fazer isso ainda melhor quando apoiados por grupos de trabalho dedicados, por exemplo, ao reforço na aprendizagem e à orientação educacional ou a atividades sociais, culturais e de relacionamento com o bairro. Com isso, toda a coletividade escolar se desenvolve continuamente em instituições que não são fábricas de ensinar, mas comunidades de aprender. Nelas se estudam línguas, humanidades, matemática, Arte, Ciências e, não menos importante, se exercita o bom convívio.
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